AS QUATORZE REGRAS PARA SOFRER À MANEIRA DE JESUS CRISTO
Não é, porém, suficiente sofrer: o demônio e o mundo tem,
seus mártires; é preciso sofrer e levar a cruz nas pegadas de Jesus Cristo: -
sequatur me! que me siga! - ou seja, da maneira que Ele a carregou. E eis, para
isto, as regras que deveis seguir:
Não procurar cruzes propositadamente ou pela própria culpa
1º: Não procureis cruzes propositadamente ou por vossa
culpa; não se deve fazer o mal para que dele resulte um bem (90); não se deve,
sem inspiração especial, fazer as coisas de maneira má, para atrair sobre si
mesmo o desprezo dos homens. É antes preciso imitar Jesus Cristo, de quem se
disse fez bem todas as coisas (91), não por amor próprio ou por vaidade, mas
para agradar a Deus e conquistar a alma do próximo. E se executardes os vossos trabalhos o melhor que
puderdes, não vos hão de faltar contradições, perseguições, nem desprezos, que
a Divina Providência vos enviará contra vossa vontade e sem vos consultar
Consultar o bem do próximo
2º: Se praticais algum ato indiferente, mas do qual o
próximo se escandaliza, ainda que fora de propósito, abstende-vos dele, por
caridade, para que cesse o escândalo dos pequenos; o ato heróico de caridade
que praticardes nessa ocasião vale infinitamente mais do que aquilo que fazíeis
ou pretendíeis fazer. Se, entretanto, o bem que fazeis é necessário ou útil ao
próximo, e escandalizar, sem razão, algum fariseu ou mau espírito, consultai
uma pessoa prudente, para saber se o que fazeis é necessário e muito útil ao
bem do próximo; e, se ela assim o julgar, continuai e deixai falar, contanto
que vos deixem agir, e respondei, em tais ocasiões, o que Nosso Senhor
respondeu a alguns de seus discípulos que vieram dizer-lhe que os Fariseus se
haviam escandalizado com as suas palavras e ações: “Deixai-os falar. São
cegos”. (92)
Admirar, sem pretender atingí-la, a sublime virtude dos
santos
3º: Apesar de alguns santos e pessoas importantes terem
pedido, procurado e, por meio de ações ridículas, atraído sobre si mesmos,
cruzes, desprezos e humilhações, adoremos e admiremos apenas a ação do Espírito
Santo sobre suas almas e humilhemo-nos diante de tão sublime virtude, sem ousar
voar tão alto, um vez que, comparados a essas rápidas águias e rugidores leões,
não passamos de criaturas sem coragem e sem força de vontade (93)
Pedir a Deus a sabedoria da Cruz
4º: Podeis, entretanto, e mesmo o deveis, pedir a sabedoria
da cruz, que é uma ciência saborosa e experimental da verdade, que nos faz ver,
à luz da fé, os mais ocultos mistérios, entre os quais o da cruz, e isto só se
obtem mediante grandes trabalhos, profundas humilhações e orações fervorosas.
Se precisardes do espírito principal (94), que nos faz levar corajosamente as
mais pesadas cruzes; do espírito bom (95) e manso, que nos faz saborear, na
parte superior da alma, as mais repugnantes amarguras; do espírito são e reto
(96), que procura só a Deus; da ciência da cruz, que encerra todas as coisas;
numa palavra, do tesouro infinito cujo bom emprego torna a alma participante da
amizade de Deus (97), pedi a sabedoria; pedi-a incessante e fortemente, sem
hesitar (98), sem receio de não a obter, e ela vos será dada, infalivelmente, e
em seguida vereis claramente, por experiência própria, como pode ser possível
desejar, procurar e saborear a cruz
Humilhar-se das próprias faltas, sem se perturbar
5º: Quando, por ignorância ou mesmo por vossa culpa,
cometerdes algum erro de que resulte para vós alguma cruz, humilhai-vos
imediatamente diante de vós mesmos, sob a mão poderosa de Deus (99), sem vos
perturbar voluntariamente, dizendo: “Eis, Senhor, uma peça que me pregou meu
ofício”! E se houver pecado na falta que cometestes, aceitai a humilhação de
vosso orgulho. Algumas vezes, e até muitas veses, Deus permite que seus maiores
servos, os mais elevados em graça, cometam as faltas mais humilhantes, a fim de
humilhá-los aos seus próprios olhos e aos olhos dos homens, a fim de tirar-lhes
a vista e o pensamento orgulhoso das graças que lhes dá e do bem que fazem, a
fim de que, segundo a palavra do Espírito Santo, nenhuma carne se glorifique
diante de Deus (100)
Deus nos humilha para purificar-nos
6º: Ficai bem persuadidos de que tudo o que existe em nós
está inteiramente corrompido (101) pelo pecado de Adão e pelos pecados atuais;
e não apenas os sentidos do corpo, mas todas as potências da alma; e que, logo
que o nosso espírito corrompido olha, refletida e complacentemente, algum dom
de Deus em nós, esse dom, ação ou graça fica todo poluído e corrompido e Deus
dele desvia os seus olhos divinos. Se os olhares e os pensamentos do espírito
do homem estragam assim as melhores ações e os mais divinos dons, que diremos
dos atos da própria vontade, que são ainda mais corrompidos que os do espírito?
(102)
Não é de espantar, depois disto, que Deus sinta prazer em
esconder os seus no segredo de sua face (103), para que não sejam manchados
pelos olhares dos homens e pelos seus próprios conhecimentos. E, para
escondê-los assim, o que não faz e não permite este Deus ciumento?! Quantas
humilhações lhes proporciona!
Em quantas faltas os deixa cair! De que tentações permite
sejam atacados, como S. Paulo! (104) Em que incertezas, trevas e perplexidade
os deixa! Ah! como Deus é admirável nos seus santos e nos caminho pelos quais
os conduz à humildade e à santidade!
Evitar nas cruzes, o perigo do orgulho
7º: Procurai bem, portanto, evitar crer, como os devotos orgulhosos
e cheios de si, que vossas cruzes são grandes, que são provas de vossa
fidelidade e testemunhas de um singular amor de Deus para convosco. Esta
armadilha do orgulho espiritual é muito sutil e delicada, mas cheia de veneno.
Deveis crer: 1) que vosso orgulho e moleza vos levam a considerar palhas como
se fossem traves; picadas como se fossem chagas, um rato como se fosse um
elefante; e uma palavrinha no ar, - um nada, na verdade, - como se fosse uma
injúria atroz e um cruel abandono; 2) que as cruzes que Deus vos envia são
antes castigos amorosos de vossos pecados, - e de fato o são, - que sinais de
especial benevolência; 3) que, seja qual for a cruz que Ele vos enviar, ainda
assim vos poupa infinitamente, em virtude do número e da enormidade dos vossos
crimes, que só deveis considerar à luz da santidade de Deus, que nada de impuro
tolera e que atacastes; à luz de um Deus moribundo e aniquilado de dor, por
causa de vosso pecado, e à luz de um inferno sem fim, que merecestes mil vezes
e talvez cem mil; 4) que na paciência com que sofreis há muito mais de humano e
natural do que o julgais: provam-no as pequenas mitigações; as procuras
secretas de consolação; as aberturas de coração, - tão naturais, - a vossos
amigos e, talvez, ao vosso diretor; as desculpas tão finas e prontas; as
queixas, ou melhor, as maledicências tão bem urdidas e tão caridosamente
expressas, contra os que vos fizeram algum mal; as referências e complacências
delicadas para com vossos males; a crença de Lúcifer de que sois algo de grande
(105), etc. Nunca terminaria se me fosse necessário descrever as voltas e
reviravoltas da natureza, mesmo nos sofrimentos
Tirar maior proveito dos pequenos sofrimentos que dos
grandes
8º: Tirai proveito dos pequenos sofrimentos e mesmo mais que
dos grandes. Deus não olha tanto o sofrimento quanto a maneira por que se
sofre. Sofrer muito e mal é sofrer como condenado; sofrer muito e
corajosamente, mas por uma causa má, é sofrer como mártir do demônio; sofrer
pouco ou muito, mas sofrer por Deus, é sofrer como santo
Se é verdade que se pode escolher as cruzes, isto é mais
certo quanto às cruzes pequenas e escondidas quando nos vêm paralelamente às
grandes e visíveis (106). O orgulho da natureza pode pedir, procurar e mesmo
escolher e abraçar as cruzes grandes e visíveis; mas escolher e levar bem
alegremente as cruzes pequenas e ocultas só pode ser o efeito de uma grande
graça e de uma grande fidelidade a Deus. Fazei, pois, como o comerciante com o
seu negócio: tirai proveito de tudo, não deixeis perder-se a mínima parcela da
verdadeira Cruz, mesmo que seja uma picada de mosca ou de alfinete, a
indelicadeza de um vizinho, uma injúria por descuido, a perda de um níquel, uma
perturbaçãozinha da alma, um leve cansaço do corpo, uma dorzinha num dos
membros, etc. Tirai proveito de tudo, como o merceeiro em sua mercearia, e,
assim como ele enriquece em dinheiro, juntando moeda por moeda em seu cofre,
breve estareis ricos em Deus. Ao menor contratempo que sobrevier, dizei: “Deus
seja bendito! - (107) Meu Deus, eu Vos agradeço”, depois escondei na memória de
Deus, que é vosso cofre, a cruz que acabais de ganhar, e só vos lembreis dela
para dizer: Obrigado! ou Misericórdia!
Amar a cruz, não com amor sensível, mas racional e
sobrenatural
9º: Quando vos dizemos para amar a cruz, não falamos em amor
sensível, que é impossível à natureza. Distingui bem, portanto, estes três
amores: o amor sensível, o amor racional, o amor fiel e supremo; ou, em outras
palavras: o amor da parte inferior, que é a carne; o amor da parte superior,
que é a razão; e o amor da parte suprema, ou cimo da alma, que é a inteligência
esclarecida pela fé
Deus não vos pede que ameis a cruz com a vontade da carne.
Sendo ela inteiramente corrompida e criminosa, tudo o que dela se origina é
corrompido e ela não pode, por si mesma, estar sujeita à vontade de Deus e à
sua lei crucificadora. Eis por que, ao falar dela no Horto da Oliveiras, Nosso
Senhor exclama: “Meu Pai, seja feita a Vossa vontade e não a minha!” (108) Se a
parte inferior do homem em Jesus Cristo, ainda que santa, não pôde amar a cruz
sem desfalecimento, com mais forte razão a nossa, que é toda corrompida, há de
a repelir. Podemos, é verdade, experimentar, por vezes, até mesmo alegria
sensível pelo que sofremos, como aconteceu a vários santos; mas essa alegria
não vem da carne, ainda que nela esteja; vem apenas da parte superior, que se
acha tão cheia da divina alegria do Espírito Santo, que a faz estender-se até à
parte inferior, de tal sorte que em tal ocasião até mesmo a pessoa mais
crucificada pode dizer: Meu coração e minha carne estremeceram de alegria no
Deus vivo! (109)
Há outra espécie de amor, que denomino racional, e que se
acha na parte superior, que é a razão. Este amor é todo espiritual e, como
nasce do conhecimento da felicidade de sofrer por Deus, é perceptível e mesmo
percebido pela alma, rejubilando-a interiormente e fortificando-a. Este amor
racional e percebido, porém, -apesar de bom, e de muito bom, - nem sempre é
necessário para que se sofra alegre e divinamente
É porque há outro amor, do cimo ou ápice da alma, dizem os
mestres da vida espiritual, - ou da inteligência, afirmam os filósofos, - pelo
qual, sem experimentar qualquer alegria dos sentidos, sem perceber nenhum
prazer racional na alma, é possível amar e saborear, pela visão da fé pura, a
cruz que carregamos, muito embora tudo esteja em guerra e estado de alarme na
parte inferior, que geme, se queixa, chora e procura lenitivo, de tal sorte que
se possa dizer, como Jesus Cristo: “Meu Pai, seja feita a Vossa vontade e não a
minha!” ou, com a Santíssima Virgem: “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em
mim segundo a Vossa palavra!” É com um desses dois amores da parte seperior que
devemos amar e aceitar a cruz
Sofrer toda sorte de cruzes, sem exceção e sem escolha
10º: Decidi-vos, queridos Amigos da Cruz, a sofrer toda
sorte de cruzes, sem excepção e sem escolha: toda pobreza, toda injustiça, toda
humilhação, toda contradição, toda calúnia, toda aridez, todo abandono, toda
pena interior ou exterior, dizendo sempre: Meu coração está preparado, meu
Deus, meu coração está preparado (110). Preparai-vos, pois, para ser abandonados
pelos homens, pelos anjos e pelo próprio Deus; para ser perseguidos, invejados,
traídos, cluniados, desacreditados e abandonados por todos; para sofrer fome,
sêde, mendicidade, nudez, exílio, prisão, tortura e todos os suplícios, ainda
que não os tenhais merecido pelos crimes que vos impuserem (111). Imaginai
enfim que, depois de ter perdido vossos bens e vossa honra, de haver sido
lançados para fora de vossa casa, como Jó e Santa Isabel, rainha da Hungria,
vos joguem na lama, como àquela santa, e vos arrastem por sobre o estrume, como
a Jó, todo purulento e coberto de úlceras, sem vos darem ataduras para vossas
chagas ou, para comerdes, um pedaço de pão que não recusariam a um cavalo ou a
um cão; e que, além desses males extremos, Deus vos deixe à mercê de todas as
tentações dos demônios, sem derramar sobre vossa alma a mínima consolação
sensível
Crêde firmemente que esse é o ponto supremo da glória divina
e a felicidade perfeita de um verdadeiro e perfeito Amigo da Cruz (112)
Os quatro estimulantes do bom sofrimento
11º: Para ajudar-vos a sofrer bem, tomai o santo hábito de
olhar quatro coisas:
1º) O olhar de Deus
Primeiramente o olhar de Deus, que, como um grande rei, do
alto de uma torre, olha complacentemente e louvando-lhe a coragem, o seu soldado
que peleja
Que olhará Deus na terra? Os reis e imperadores em seus
tronos? Muitas vezes Ele os contempla com desprezo. As grandes vitórias dos
exércitos do Estado? As pedras preciosas? Numa palavra: as coisas que são
grandes aos olhos dos homens? O que é grande aos olhos dos homens é abominação
diante de Deus (113) Que olhará Ele então com prazer e complacência e de que
pedirá notícias aos anjos e aos próprios demônios? Um homem que, por Deus, se
bate com a sorte, o mundo, o inferno e ele próprio, um homem que carrega
alegremente a sua cruz. Não viste na terra uma grande maravilha que todo o céu
contempla com admiração?, disse o Senhor a Satanás: “Não viste meu servo
Jó”(114), que sofre por mim?
2º) A mão de Deus
Em segundo lugar, considerai a mão deste poderoso Senhor,
que permite todo o mal que da natureza nos advém, desde o maior até o menor; a
mão que colocou um exército de cem mil homens no campo de batalha (115) e faz
cair as folhas das árvores e os cabelos de vossa cabeça (116); a mão que, havendo
rudemente atingido Jó, vos toca docemente pelo pouco sofrimento que vos envia.
Com essa mão Ele formou o dia e a noite, o sol e as trevas, o bem e o mal;
permitiu os pecados que se cometem e que vos melindram; não lhes fez a malícia,
porém lhes permitiu a ação
Assim, quando virdes um Sémei injuriar-vos e apedrejar-vos,
como ao rei Davi, (117) dizei a vós mesmos: “Não nos vinguemos. Deixemo-lo,
porque o Senhor lhe ordenou de agir assim. Sei que mereci toda sorte de utrajes
e é justo que Deus me castigue. Parai, braços meus: Parai, língua minha. Não
ataqueis. Nada digais. Este homem ou esta mulher me injuriam por palavras ou
por obras; são embaixadores de Deus, que vêm de sua misericórdia, para exercer
vingança amistosa. Não irritemos sua justiça usurpando os direitos de sua
vingança; não desprezemos a sua misericórdia resistindo às suas amorosas
chicotadas, para que ela não nos reconduza, por vingança, à pura justiça da
eternidade”
Olhai uma das mãos de Deus, que, onipotente e infinitamente
prudente, vos sustenta, enquanto a outra vos atinge; com uma das mãos Ele
mortifica e com a outra vivifica; rebaixa e exalta, e, com seus dois braços,
doce e fortemente, alcança, de um polo ao outro, a vossa vida (118); docemente,
não permitindo que sejais tentados e provocados acima de vossas forças: -
fortemente, secundando-vos com graça poderosa e correspondente à violência e
duração da tentação e da aflição; fortemente, ainda uma vez, tornando-se Ele
próprio, segundo o diz pelo espírito de sua Santa Igreja, “vosso apoio à borda
do precipício perto do qual vos encontrais, vosso companheiro no caminho onde
vos perdeis, vossa sombra no calor que vos caustica, vossa vestimenta na chuva
que vos molha e no frio que vos enregela; vossa carruagem na fadiga que vos
aniquila, vosso socorro na adversidade que vos visita, vosso bastão nos
caminhos escorregadios e vosso porto no meio das tempestades que vos ameaçam de
ruína e naufrágio”(119)
3º) As chagas e as dores de Jesus Cristo Crucificado
Em terceiro lugar, olhai as chagas e as dores de Jesus
Cristo Crucificado. Ele mesmo vô-lo diz: “Ó vós que passais pelo caminho
espinhoso e crucificado por que passei, olhai e vêde: olhai com os próprios
olhos do vosso corpo e vêde, com os olhos de vossa contemplação, se vossa
pobreza, vossa nudez, vosso desprezo, vossas dores, vossos abandonos são
semelhantes aos meus; olhai-me, a mim que sou inocente, e queixai-vos, vós que
sois culpados!” (120)
O Espírito Santo nos ordena, pela boca dos Apóstolos, esta
mesma contemplação de Jesus Crucificado (121); ordena que nos armemos com este
pensamento(122) mais penetrante e terrível para todos os nossos inimigos que
todas as outras armas. Quando fordes atacados pela pobreza, pela abjeção, pela
dor, pela tentação e pelas cruzes, armai-vos com um escudo, uma couraça, um
capacete e uma espada de dois gumes (123), a saber: o pensamento de Jesus
Crucificado. Eis a solução de toda dificuldade e a vitória sobre qualquer
inimigo
4º) Ao alto, o céu; em baixo o inferno
Em quarto lugar olhai, ao alto, a bela coroa que vos espera
no céu, se carregardes bem vossa cruz. Foi esta recompensa que sustentou os
patriarcas e os profetas em sua fé e nas perseguições; que animou os Apóstolos
e os Mártires em seus trabalhos e tormentos. Preferimos - diziam os Patriarcas,
com Moisés - sofrer aflições com o povo de Deus, para ser feliz com Ele
eternamente, que gozar de um prazer criminoso por um só momento (124). Sofremos
grandes perseguições por causa da recompensa (125), diziam os profetas com
Davi.
Somos como vítimas destinadas à morte, como espetáculo para
o mundo, os anjos e os homens pelos nossos sofrimentos, como a escória e o
anátema do mundo (126), diziam os Apóstolos e os Mártires com São Paulo, por
causa do peso imenso da Glória eterna que este momento de breve sofrimento produz
em nós (127)
Olhemos sobre nossas cabeças os anjos que nos dizem, em alta
vos: “Tende cuidado para não perderdes a coroa marcada pela cruz que vos é
dada, se a levardes bem. Se não a carregardes bem, outro o fará e vos
arrebatará vossa coroa (128). Combatei fortemente, sofrendo com paciência,
dizem-nos todos os santos, e entrareis no reino eterno (129)”. Ouçamos enfim
Jesus Cristo, que nos diz: “Só darei minha recompensa àquele que sofrer e
vencer pela paciência (130)”
Olhamos embaixo o lugar que merecemos e que nos espera no
inferno com o mau ladrão e os réprobos, se, como eles, sofremos com
murmurações, despeito e vingança. Exclamemos com Santo Agostinho: “Queimai,
Senhor, cortai, talhai e retalhai neste mundo para castigar meus pecados,
contanto que os perdoeis na eternidade”!
Nunca se queixar da criaturas
12º: Nunca vos queixeis voluntariamente e entre murmurações,
das criaturas de que Deus se serve para vos aflingir. Distingui, para tanto,
três espécies de queixas nos sofrimentos
- A primeira é involuntária e natural: é a do corpo que
geme, suspira, se queixa, chora e se lamenta. Quando a alma, como já disse,
está resignada com a vontade de Deus, em sua parte superior, não há nenhum
pecado
- A segunda é razoável; é quando alguém se queixa e descobre
seu mal aos que podem e devem tratá-lo, como um superior ou o médico. Esta
queixa pode ser imperfeita, quando for muito insistente; mas não é pecado
- A terceira é criminosa: é quando alguém se queixa do
próximo para se isentar do mal que ele nos faz sofrer, ou para se vingar; ou
quando alguém se queixa da dor que sofre, consetindo nessa queixa e juntado a
ela a impaciência e a murmuração
Receber sempre a cruz com reconhecimento
13º: Nunca recebais nenhuma cruz sem beijá-la humildemente e
com reconhecimento; e quando Deus, todo bondade, vos houver favorecido com
alguma cruz um pouco considerável, agradecei-lhe de maneira especial e fazei-o
agradecer por outros, a exemplo daquela pobre mulher, que, tendo perdido todos
os seus bens em virtude de um processo injusto que lhe moveram, fez celebrar
imediatamente uma Missa, com o dinheiro
que lhe restava, a fim de agradecer a Deus a ventura que lhe era concedida
(131)
Carregar suas cruzes voluntárias
14º: Se quereis tornar-vos dignos de receber as cruzes que
vos hão de vir sem vossa participação e que são as melhores, carregai outras
voluntárias, seguindo os conselhos de um bom diretor
Por exemplo: Tendes em casa algum móvel inútil pelo qual
tendes afeição? Dai-o aos pobres, dizendo: quererias o supérfluo quando Jesus é
tão pobre?
Tendes horror a algum alimento? A algum ato de virtude? A
algum mau odor? Provai-o, praticai-o, aspirai-o. Vencei-vos
Amais alguém ou algum objeto um pouco terna e insistentemente
demais? Ausentai-vos, privai-vos, afastai-vos do que vos lisonjeia
Tendes uma natureza muito inclinada a ver? A agir? A
aparecer? A ir a algum lugar? Parai, calai, escondei-vos, desviai os olhos
Odiais naturalmente algum objeto? Alguma pessoa? Procurai-a
frequentemente. Dominai-vos
Se sois verdadeiramente Amigos da Cruz, o amor, que é sempre
industrioso, vos fará assim encotrar mil pequenas cruzes, com que vos
enriqueceis insensívelmente, sem temor da vaidade, que se mistura tão
frequentemente à paciência com que suportamos as cruzes muito visíveis; e
porque fostes assim fiéis em pouca coisa, o Senhor vos estabelecerá em muito
(132), como o prometeu; isto é, em muitas cruzes que vos enviará, em muita
glória que vos preparará (133) ... Carta Circular aos Amigos da Cruz
LITURGIA DO DIA 30 DE AGOSTO DE 2013
PRIMEIRA LEITURA: 1º TESSALONICENSES 4, 1-8
- 1No maXXI SEMANA COMUM , (VERDE - OFÍCIO DO DIA) - LEITURA DA
PRIMEIRA CARTA DE SÃO PAULO AOS TESSALONICENSES is, irmãos, aprendestes de nós a
maneira como deveis proceder para agradar a Deus - e já o fazeis. Rogamo-vos,
pois, e vos exortamos no Senhor Jesus a que progridais sempre mais. 2Pois
conheceis que preceitos vos demos da parte do Senhor Jesus. 3Esta é a vontade
de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; 4que cada um de vós
saiba possuir o seu corpo santa e honestamente, 5sem se deixar levar pelas
paixões desregradas, como os pagãos que não conhecem a Deus; 6e que ninguém,
nesta matéria, oprima nem defraude a seu irmão, porque o Senhor faz justiça de
todas estas coisas, como já antes vo-lo temos dito e asseverado. 7Pois Deus não
nos chamou para a impureza, mas para a santidade. 8Por conseguinte, desprezar
estes preceitos é desprezar não a um homem, mas a Deus, que nos deu o seu
Espírito Santo - Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL(96)
REFRÃO: Ó JUSTOS, ALEGRAI-VOS NO SENHOR!
1. Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, e as ilhas
numerosas rejubilem! Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apoia na
justiça e no direito. -R.
2. As montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor
de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a
sua glória. -R.
3. O Senhor ama os que detestam a maldade, ele protege seus
fiéis e suas vidas, e da mão dos pecadores os liberta. -R.
4. Uma luz já se levanta para os justos, e a alegria, para
os retos corações. Homens justos, alegrai-vos no Senhor, celebrai e bendizei
seu santo nome! -R.
EVANGELHO: MATEUS 25, 1-13
PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO, SEGUNDO MATEUS -
Naquele tempo,1Então o Reino dos céus será semelhante a dez virgens, que saíram
com suas lâmpadas ao encontro do esposo. 2Cinco dentre elas eram tolas e cinco,
prudentes. 3Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo consigo. 4As
prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas.
5Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram. 6No meio da noite, porém,
ouviu-se um clamor: Eis o esposo, ide-lhe ao encontro. 7E as virgens
levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas. 8As tolas disseram às
prudentes: Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas se estão apagando. 9As
prudentes responderam: Não temos o suficiente para nós e para vós; é preferível
irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós. 10Ora, enquanto foram
comprar, veio o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para a sala
das bodas e foi fechada a porta.11Mais tarde, chegaram também as outras e
diziam: Senhor, senhor, abre-nos! 12Mas ele respondeu: Em verdade vos digo: não
vos conheço! 13Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora - Palavra
da salvação
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA EM MEDJUGORJE – “Queridos filhos! Não se esqueçam de que estão aqui
na terra a caminho da eternidade e que a morada de vocês está no Céu. Por isso,
filhinhos, estejam abertos ao amor de Deus e deixem o egoísmo e o pecado. Que a
alegria de vocês seja somente o descobrir Deus na oração diária. Por isso,
utilizem este tempo e rezem, rezem, rezem; e Deus está junto de vocês na oração
e por meio da oração. Obrigada por terem correspondido a Meu apelo” –
MENSAGEM DO DIA 25.07.2000
A IGREJA CELEBRA HOJE , SÃO CESÁRIO DE ARLES - Os
santos, como ninguém, entenderam que a Graça do Cristo que quer santificar a
todos, é sempre a mesma, na eficiência, abundância e liberalidade. Cesário de
Arles foi um destes homens que se abriu ao querer de Deus, e por isso como
Bispo tornou-se uma personalidade marcante do seu tempo . Cesário nasceu na
França em 470, e ao deixar sua casa entrou para o mosteiro de Lérins, onde se
destacou pela inteligência, bom humor, docilidade e rígida penitência, que mais
tarde acabou exigindo imperfeitamente dos monges sob sua administração. Diante
dos excessos de penitências, Cesário precisou ir se tratar na cidade de Arles –
Sul da França- local do aprofundamento dos seus estudos e mais tarde da eleição
episcopal . São Cesário de Arles, até entrar no Céu com 73 anos de idade,
ocupou-se até o fim com a salvação das almas e isto fazia, concretamente, pela
força da Palavra anunciada e escrita, tornando-se assim o grande orador popular
do Ocidente latino e glória para a vida monástica. Já que escreveu duas Regras
monásticas. Em tudo buscava comunicar a ortodoxia da Fé e aquilo que lutava
para viver com o Espírito Santo e irmãos, por isto no campo da moral cristã,
Cesário de Arles salientava o cultivo da justiça, prática da misericórdia e o
cuidado da castidade . São Cesário de Arles, rogai por nós!
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