São João Maria
Vianney : “Se soubéssemos o que é um
padre, morreríamos de amor...”
Cristo (...) é o único Sacerdote da Nova Aliança,
cuja duração é eterna, infinita. Exerceu na cruz o ofício de sacerdote de modo
visível e foi nela a vítima cruenta; nos nossos dias continua a exercer
invisivelmente o mesmo ofício e a sacrificar-se, incruentamente, nos nossos
altares. Para ser de algum modo visível, fá-lo mediante homens, que investe de
seu poder sacerdotal, dizendo-lhes: "Fazei isto em memória de Mim"
Daqui provém toda a dignidade do sacerdócio na
Igreja Católica. Daqui o apelidar-se o sacerdote católico de "alter
Christus" - outro Cristo. - Daqui o atribuir-se ao sacerdote católico o
que se atribui a Cristo, dizendo dele: "Tu es sacerdos in aeternum
secundum ordinem Melchisedech" (Sl 109, 4)
E isto tudo diz do sacerdote católico, porque não é
mero instrumento nas mãos de Cristo, como o é a pena com que escrevo, mas é
algo muito maior
Explico-me: O instrumento não merece louvor, honra
e glória; pois quem tal tributaria a uma pena, embora concorra para produzir
obra prima de literatura? É que a pena age segundo for movida pelo escritor,
como causa sua principal; e tanto faz quanto direta e imediatamente é movida;
nada mais e nada menos
Não assim o sacerdote; é algo mais
nas mãos de Cristo. O sacerdote é mais que instrumento, é mais que mera causa
instrumental: é causa ministerial. A causa ministerial consiste em que ela
subministra e prepara tudo o que o agente deve ter ou é conveniente que tenha
para poder agir; porque assim o reclama, quer a disposição intrínseca da coisa,
quer a disposição extrínseca e positiva do mandante
A causa ministerial, portanto, deve ser dotada de
inteligência e vontade; pode, por conseguinte, frustrar, até certo ponto, os
intentos do que dela pretende valer-se, não mesmo excluído o próprio Deus. Pode
tornar-se conseguintemente desmerecedora ou merecedora das suas obras, porque
delas responsável
Daqui a dignidade
suma e a responsabilidade tremenda do sacerdote, vigário de Cristo.
Não é um mero
instrumento nas mãos de Cristo-Sacerdote; mas é um meio ministerial. Deu-se a
Jesus livremente de corpo e alma, para, por seu meio, exercer as funções
sacerdotais e perpetuar em sua pessoa o sacerdócio visível cá no mundo
Cristo-Sacerdote
veria irremediavelmente frustrada a sua obra de redenção, no dia em que já não
contasse com um homem-sacerdote; não porque não lhe fosse possível uma nova
ordem de coisas na grande e maravilhosa economia da redenção do gênero humano,
mas porque a suave providência divina assim dispôs
Cristo, o Sumo
Sacerdote, o Sacerdote principal, continuará a exercer seus atos sacerdotais na
terra só na pessoa de seus vigários visíveis: os sacerdotes católicos legítimos
Deus, na sua
infinita Providência, vigiará e fará com que seu divino Filho possa
encontrar sempre, até a consumação dos séculos, homens dignos e fiéis que se
prestem com júbilo e alvoroço como suas causas ministeriais, para que possa
dispensar, por intermédio deles, os frutos inestimáveis do sacrifício da cruz,
renovado de modo incruento no santo Sacrifício da Missa
Ó Grande
Pontífice! Ó Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, é então verdade que pusestes nestas
criaturas, que se dizem homens, os vossos complacentes olhares?
"Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum." Como a Virgem Maria, dado o
seu consentimento, se tornou co-redentora do gênero humano, assim estas
criaturas dão o seu consentimento, e tornam-se sacerdotes vossos; antes
tornam-se um outro vós, um "outro Cristo" - Alter
Christus. - Cala-te, língua! Pára,
pena! Porque é mais importante o silêncio e mais significativa a carta em
branco!
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