domingo, 3 de abril de 2011

Madres do Deserto – Santa Eufrosina – Parte I



Hoje iniciamos o relato de outra madre do deserto, me impressiona a coragem que teve esta jovem para dizer sim ao seu Senhor e entregar-se sem medidas ao seu Esposo, como nós o veremos no decorrer do relato ela se sobressai à sua própria natureza feminina para corresponder ao chamado de Deus, disfarçando-se de homem e indo para um mosteiro masculino.

Segue o relato, que será dividido em partes, como tenho feito nos anteriores...

Santa Eufrosina pertence já ao século V, porque nasce alguns anos depois da morte de Santa Eufrásia. Conhecemos a sua vida de um escrito anônimo publicado em tradição latina em 1628.
Os pais eram notáveis em Alexandrina, profundamente cristãos. Por longos anos esperaram o nascimento de uma descendente. Pediram por isso orações dos religiosos de um mosteiro próximo e suas orações foram ouvidas: tiveram uma filha que batizaram com o nome de Eufrosina. E quando esta tinha doze anos, sua mãe morreu. Era uma jovem belíssima e procurada de homens bem classificados na sociedade. Pafanúcio, seu pai, desejava para ela um matrimônio honorável, seja no plano humano, como naquele espiritual. Apenas ela completou dezoito anos, ele voltou-se a Teodósio, abade do mosteiro. Deu-lhe uma grande soma de dinheiro e lhe disse: “Eis o fruto das suas orações. Ora, volte-se ainda a Deus por ela, para que encontre um bom marido.” O abade, colocou o dinheiro no bolso e conduziu Eufrosina à hospedaria, onde pregou para ela um retiro sobre castidade, humildade e paciência. Quando depois retornou até ela para acompanhá-la e levá-la ao seu pai, ela jogou-se aos seus pés: “Te suplico, padre – lhe pediu ardentemente -, reze a Deus para que tome conta da minha alma.”

Tempos depois, foi aniversário de ordenação do abade. Este enviou um dos seus monges a convidar Pafanúcio para a cerimônia. O recebeu Eufrosina. A jovem lhe fez vários tipos de perguntas sobre o mosteiro. “Quantos irmãos são entre vocês?” “Trezentos e cinqüenta e dois.” “Quando alguém quer entrar no mosteiro para sua conversão, o pai abade o admite?”. “Claro, com grande alegria, por motivo da palavra do Senhor: Aquele que vem a mim, não o expulsarei.” “Na vossa igreja, salmodiam todos? Jejuam todos?” “Salmodiamos juntos, mas cada um jejua segundo sua livre decisão.” “Quanto gostaria de fugir e abraçar esta vida inefável! Mas temos de desobedecer a meu pai, que quer dar-me a um homem para submeter-me aos afanos deste mundo de vaidades.” “irmã, lhe disse o monge, não permita que um homem possua o teu corpo, case com Cristo, que te dará o Reino dos Céus. Fuja desta casa em segredo, mude a roupa secular pelo hábito religioso e entre no mosteiro.

Era a resposta que Eufrosina esperava. Os exemplos que tinha admirado no mosteiro respondiam às palavras que tinha lido na Escritura. Estava decidida a passar sobre as ordens do pai terreno, que devia ceder ao passo diante à exigência do Pai celeste. Estava decidida a ir e esconder-se debaixo do hábito monástico. Mas onde esconder-se? Certo, não faltavam as casas de monjas em Alexandrina e em seu redor, mas qual superiora aceitaria uma jovem contra a vontade de seu pai? Que se a abadessa a aceitasse seu pai iria procurá-la e a traria de volta para casa à força. E se fosse escondida, Pafanúcio moveria céus e terra para reencontrá-la. E a reencontraria. Estava imersa naquela dúplice onda de sentimentos: a alegria de ter encontrado Deus e a amareza de ter um pai que era contra a sua vocação. Porém o pai manifestou à filha o grande prazer de ter sido convidado para a festa do abade, e que iria sem dúvidas. Agora, a jovem encontrou a solução. E se empenhou por fazê-la triunfar. Enviou à cidade sua mais fiel serva e lhe recomendou de voltar com um monge. Esta encontrou com um no mercado, e próprio do mosteiro de Teodósio: não participava da festa porque estava empenhado nos afazeres temporais da comunidade. Aceitou o convite. Quando Eufrosina o viu chegar, viu nisso um sinal da misericordiosa disposição da Providência.

Continuamos na próxima semana...
Fiquem na Paz!

Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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