Queridos
irmãos, queridas irmãs, a paz!
Como
lhes havia dito na semana passada, no nosso grupo de oração conhecíamos, sobre
o servo de Deus Marcelo Van – jovem religioso redentorista do Vietnã do Norte,
morto num campo de prisioneiros em 10 de
julho de 1959 e cuja causa de beatificação está em curso –
apenas o que a Ir. Emmanuel escreveu no seu precioso livro “O Menino Escondido
de Medjugorje”, editora Raboni. Assim, hoje, antes de irmos adiante, reproduziremos
aqui o que ali podemos ler. Trata-se de colóquios que Jesus mantinha com
Marcelo quando este tinha 14 anos de idade.
“Van: A propósito, Jesus, quando Tu
estavas na Terra, Tu comias peixes? Comias pratos semelhantes aos que eu como?
Jesus:
É claro que sim, Eu comia pratos semelhantes aos que tu comes. Comia ora carne,
ora peixe, ora legumes; mas Maria apresentava esses pratos de um jeito muito
apetitoso, não era nada como os que tu comes!
Van:
Quando eu tiver de cozinhar, dirá a Maria para me ensinar a preparar muitos
pratos gostosos, não é? E Tu, Jesus, sabes cozinhar?
Jesus:
Sim, Eu sei. Quando Eu era pequeno, ficava ao lado da Minha Mãe porque Eu gostava
muito, e Minha intenção, ficando perto dela, era de fazê-la entender melhor as
coisas divinas. Maria gostava muito de Mim e, normalmente, tudo o que Ela fazia
Eu sabia fazer.
Van:
Pequeno Jesus, há muito tempo que quero Te fazer uma pergunta. Poderia me
responder, não é? As pessoas dizem que, durante Tua infância, nunca riste nem
choraste, que eras quieto mesmo quando sentias fome, aceitando o que a Santa
Virgem fizesse de Ti o que Ela queria... Isso é mesmo verdade?
Jesus:
Antes de tudo, pequeno Van, é preciso que entendas que, segundo a Minha
natureza divina, sou a segunda Pessoa da Santíssima Trindade e, por isso, Eu
sou Um só com o Pai e o Espírito Santo. Entretanto, enquanto homem, Eu tinha em
Mim as fraquezas da infância... Com esta única diferença: Eu não tinha defeitos
como tu tens. Não era nem guloso nem turbulento como tu. Aconteceu-Me de
chorar, mas, quando Maria Me consolava, Eu entendia logo. Além disso, se uma
criança nunca risse, ela faria perder a alegria em sua família. Naquela época, Eu
agia em tudo como as outras crianças. Quando os parentes em visita me davam
bolos, Eu os aceitava com alegria e os comia espontaneamente. Deus Pai nunca
permitiu que Minha família tivesse de sofrer com a fome ou a sede nem uma só
refeição. Além disso, Maria sabia prever e, sobretudo, tinha confiança em Seu
verdadeiro Pai do Céu. Para comigo, Ela Se comportava como uma mãe, mas, com
Deus Pai, Ela Se comportava com a candura de uma criança. Se Lhe faltasse
alguma coisa, Ela só sabia levantar os olhos para o Céu e pedir a Deus Pai na
maior simplicidade e sinceridade. E, como essa confiança e simplicidade eram
muito agradáveis a Deus, Maria alcançava tudo o que pedia como Ela já te disse
antes. Por exemplo, quando Lhe faltava farinha para fazer o pão, Ela Se contentava
em dizer ao Seu verdadeiro Pai: “Ó, Pai, hoje ‘Vosso Pequeno’ e Vossos filhos
estão precisando!”. Então Ela detalhava: “Não têm mais farinha, sal, etc.”.
Depois disso, Ela ficava em paz como de costume. O verdadeiro Pai do Céu estava
muito apressado em atender Suas preces, mas o fazia de um jeito muito natural,
sem recorrer a milagres estrondosos.
Van:
Pequeno Jesus, antigamente, será que usavas sandálias?
Jesus:
Sim, mas essas sandálias não se pareciam com as de hoje. Elas eram quase
semelhantes às que usam os camponeses do Vietnã. Eu não tinha lindas sandálias,
mas sandálias bem simples. Era a mesma coisa com minhas roupas.
Van:
Ó Jesus, queira queimar todos os meus defeitos e maus hábitos no fogo do Teu
amor. Meu muito querido Jesus, queira queimar no Teu amor todos os meus
pecados, mesmo os que eu não cometi ainda.
Jesus:
Irmãozinho, aceita antes todas as contrariedades que Eu te envio, com isso Me
trarás mais alegria que se jejuasses um
século inteiro. E, mesmo que sofresses como Eu a morte numa cruz, isso
não seria melhor que a mortificação que quero te ensinar aqui, a saber, a
obediência. A melhor das mortificações é a obediência. Eu só gosto da
mortificação da obediência.
É
graças a Maria que as almas podem se unir ao Meu amor de forma íntima e
duradoura. Meu amiguinho, lembra-te sempre: tu deves amar Minha Mãe como Eu
mesmo te amo.
As
almas que Me amam devem ser consideradas como atmosferas sadias que permitem ao
Meu amor respirar e viver no mundo. Se não houvesse no mundo essas atmosferas
salutares, Meu amor morreria asfixiado.
O Menino Jesus, acompanhado de Sua Mãe, veio na direção de
Van, passo a passo.
Van:
Ó Mãe, se Tu O carregasses nos Teus braços, não seria mais rápido?
Maria:
É verdade, mas o pequeno Jesus não quer Se poupar do cansaço de um ou dois
passos por amor a ti.
Van:
Mas, Jesus, será que a expansão do reino do Teu amor já começou no mundo?
Jesus:
Sim, já, e o ponto de partida dessa expansão é a própria França. E é a tua irmã
Teresa (trata-se aqui de Santa Teresinha do Menino Jesus, que vinha também ensinar
o pequeno Van) em pessoa que é o apóstolo universal dos outros apóstolos do Meu
amor. Sim, é dali que partiu a expansão do reino do Meu amor que se prolonga
atualmente. E tu, Van, escrevendo Minhas palavras, participas também dessa
obra, como o tenho dito anteriormente. Há ainda muitos outros apóstolos que tu
não conheces. Eles também trabalham em grande segredo e se sucedem
continuamente, para expandir no mundo o reino do Meu amor. Van, Me escuta bem.
Eu gosto muito de ti, tenho uma predileção especial pelas crianças, sou muito
feliz de ser Amigo delas. Se elas quiserem Me procurar, é muito fácil,
basta-lhes observar sua própria maneira de agir e Me encontrarão imediatamente
nelas. Já prometi às crianças o reino dos Céus e essa promessa não as obriga
absolutamente a nada. Se Eu as tivesse obrigado a jejuar, a se impor a
disciplina, a se mortificar, etc., como os recém-nascidos que morrem
imediatamente após o batismo poderiam ir para o Céu? Van, o amor misericordioso
reservou às crianças uma parte magnífica. Elas não têm outra coisa a fazer que
acolhê-lo... O mundo mata a alma das crianças debaixo dos Meus próprios olhos,
e Eu, o que posso fazer?... Van, tu entendeste bem? É preciso arrancar as
crianças das trevas do mundo... Ó mundo, ai de ti! Se tu não tivesses as
crianças para dar asilo à bondade divina, serias aniquilado pela justiça de
Deus. Van, tudo me agrada nas crianças: uma palavra, um sorriso, até uma
lágrima derramada num momento de tristeza, tudo isso Me agrada. Mas infelizmente,
Van, parece que agora, pela sua maneira de agir, as crianças querem rivalizar
com as pessoas grandes.
Van:
Jesus, Tu és tagarela demais, Tua língua não para; quantas vezes já faltaste
com o silêncio, nem me deixando rezar em paz. E, depois, ousas ainda enumerar
minhas faltas? Muito bem, vou Te acusar junto a Maria e Lhe dizer que não paras
de falar, e em qualquer que seja o lugar, sem...
Jesus:
O que tu estás dizendo aí, Van? Esqueceste, pois, o período bem recente em que
guardei o silêncio por um pouco mais de dois meses e ficaste com os olhos bem
vermelhos, te queixando ora a Maria, ora à irmã Teresa... Van, tu Me amas?
Ontem à noite, por que riste meditando sobre as lágrimas que derramei no cocho?
Quando Eu nasci, Me encontrei exatamente na mesma situação em que as outras
criancinhas; sofri então com o frio e a tristeza. Se, naquele momento, tu
tivesses estado lá para conversar comigo, é provável que Eu não tivesse
chorado. Se Eu tivesse escutado, como agora, palavras de amor, Eu teria sem dúvida
esquecido totalmente o frio.”
Terminemos por hoje, rezando com Marcelo
Van:
“Ó, meu Jesus,
bem-amado, quanto mais numerosas são as provas que me mandas, tanto mais cresce
também minha certeza de amar-Te de verdade.
Ó, meu Jesus, Tu
que, antigamente, em Nazaré, fizeste tudo por obediência, sem retroceder diante
de nenhuma dificuldade, ensina-me a fazer tudo perfeitamente.
Ó, Jesus, eu só
quero a Tua glória em tudo; só quero fazer Tua vontade, só quero agir por amor
a Ti.
Jesus, eu Te
amo, eu Te amo. Digna-Te compreender os sentimentos do meu coração.”
“Ó
Jesus, amor do meu coração, quero falar contigo sem cessar para cobrir, com
minhas palavras, as blasfêmias que se proferem contra Ti. Quero recolher todas
as setas de fogo que diriges às almas, mas que elas se negam a deixar que
penetrem em seus corações, e Te peço que estas setas de fogo penetrem em meu
próprio coração. Ó Jesus, dou-Te beijos, continuo a dá-los sem cessar para
satisfazer o amor do Teu Coração, que é rejeitado. Todo o amor que há no meu
coração eu o derramo no Teu.”
“Te
amo, ó meu Jesus. Quero seguir amando-Te sempre. Digna-te compreender o meu
pobre coração que Te ama.”
Estas orações foram escritas pelo Irmão
Marcelo em setembro de 1945.
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