Rio de Janeiro: Santa Missa celebrada na Praia de Copacabana na JMJ 2013
A MISSA SACRÍLEGA
POR SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO , (27/09/1696 - 02/08/1787) - BISPO
DE SANTA ÀGATA , CONFESSOR , DOUTOR ZELOSÍSSIMO DA IGREJA , FUNDADOR DOS
MISSIONÁRIOS REDENTORISTAS
FONTE : LIVRO A SELVA , PRIMEIRA PARTE - MATERIAIS PARA OS
SERMÕES
I
- Pureza exigida no padre para celebrar dignamente - Lê-se no Concílio de
Trento: Devemos reconhecer que entre todas as obras, ao alcance dos fiéis,
nenhuma há mais santa que este mistério terrível 465.Nem o próprio Deus pode
fazer que haja no mundo uma ação maior e mais santa que a celebração duma
missa. Ó, quanto mais excelente que todos os sacrifícios antigos o sacrifício
dos nossos altares, em que a vítima oferecida não é já um touro ou um cordeiro,
mas o próprio Filho de Deus!Para a vítima, o judeu tinha um boi, escreve S.
Pedro de Cluny; o cristão tem Jesus Cristo; tanto este último sacrifício excede
o primeiro, como Jesus Cristo excede a um boi466. Depois ajunta que uma vítima
servil era a única que convinha a servos, ao passo que aos amigos e aos filhos
estava reservado o próprio Jesus Cristo, como vítima que nos libertou do pecado
e da morte eterna. Tem pois razão S. Lourenço Justiniano em dizer que não há
oferenda nem maior em si mesma, nem mais útil aos homens, nem mais agradável a
Deus, que a que se faz no sacrifício da missa467. Assim, S. João Crisóstomo
assegura que, durante a celebração da missa, está o altar cercado de anjos,
reunidos para honrarem a Jesus Cristo, que é a Vítima oferecida neste augusto
sacrifício468. Que fiel poderá duvidar, pergunta por sua vez S. Gregório, que
no momento do sacrifício o Céu se não abra à voz do padre e numerosos coros de
anjos não estejam presentes a este mistério em que Jesus Cristo se imola?469 E
Sto. Agostinho acrescenta que os anjos se conchegam a rodear o sacerdote como
servos, para o ajudarem nas suas funções 470
Falando
deste grande sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, o Concílio de Trento
nos ensina que é o próprio Salvador que aí se oferece a seu Pai, mas pelas mãos
do sacerdote, que escolheu para seu ministro, encarregado de o representar ao
altar471. E S. Cipriano tinha dito antes: O padre ao altar ocupa o lugar de
Jesus Cristo472. É por isso que, ao consagrar, o padre se exprime assim: Isto é
o meu corpo; este é o cálice do meu sangue.E o próprio Jesus Cristo disse a
seus discípulos: Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim desprezas
473 . Ora, mesmo aos antigos Levitas exigia o Senhor que fossem puros, só
porque tinham por dever transportar os vasos sagrados: Purificai-vos, vós que
levais os vasos do Senhor474. Sobre o que Pedro de Blois faz esta reflexão:
Quanto mais puros devem ser os que trazem Jesus Cristo nas suas mãos e nos seus
corações?475 E com quanta mais razão exigirá o Senhor a pureza dos padres da
Lei nova, encarregados de representar ao altar a pessoa de Jesus Cristo, para
oferecerem ao Padre eterno o seu próprio Filho! Tem pois justo motivo o
Concílio de Trento, para querer que os padres celebrem este augusto sacrifício
com a máxima pureza de consciência possível 476. E é o que significa, nota o
abade Rupert, a brancura da alba, de que a Igreja quer que o sacerdote se
revista e cubra da cabeça aos pés, quando celebrar os divinos mistérios477. É
muito justo que o sacerdote honre a Deus com a inocência da sua vida, visto que
Deus tanto o há honrado, elevando-o acima de todos os outros homens, e
fazendo-o ministro seu, neste mistério sublime, como dizia S. Francisco de
Assis478. Mas como deve o padre honrar a Deus? Será porventura trajando ricos
vestidos, anafando a cabeleira com arte, ostentando punhos elegantes? Não,
responde S. Bernardo, é por uma vida irrepreensível, pelo estudo das ciências
sagradas, e pelos trabalhos que empreender para glória de Deus 479
II - Quanto é enorme o crime do padre que
celebra em estado de pecado mortal - Que faz então o padre que celebra, em
pecado mortal? Acaso honra ele a Deus? Ai, muito ao contrário! Comete contra
ele o maior ultraje de que é capaz; despreza-o na sua própria pessoa, porque
pelo sacrilégio parece fazer quanto de si depende para manchar o Cordeiro
imaculado, que oferece sob as espécies sacramentais! Eis o que diz o Senhor:
Escutai, ó sacerdotes que desprezais o meu nome... Ofereceis sobre o meu altar
um pão manchado e dizeis: Em que é que te desonramos?480 S. Jerônimo comenta
assim esta passagem: Manchamos o pão, isto é, o corpo de Cristo, quando nos
aproximamos indignamente do altar.
Não
podia Deus elevar um homem a uma dignidade mais sublime, que à dignidade
sacerdotal. Que escolha teve de fazer o Senhor para formar um padre! Primeiro,
teve de escolhê-lo na multidão inumerável das criaturas possíveis; depois teve
de separá-lo de tantos milhões de pagãos e hereges; e por último teve de tirá-lo
do meio de tantos simples fiéis. Depois disto, que poder lhe não foi dado! Se
Deus tivesse concedido a um só homem o poder de fazer descer à terra por suas
palavras o próprio Jesus Cristo, quanto não estaria obrigado para com o Senhor
esse homem tão privilegiado, e quantas ações de graças não teria de lhe render!
Pois bem, esse poder concede-o Deus a cada um dos padres481. Nada importa que o
mesmo poder tenha sido confiado a muitos: o número dos padres, nem apouca a sua
dignidade, nem diminui as suas obrigações. Mas, grande Deus! Que faz um padre
que ousa celebrar com o pecado na sua alma? Desonra-nos, despreza-vos,
declarando por isso mesmo que este sacrifício não é tão digno dos nossos
respeitos, que devamos temer profaná-lo por um sacrilégio! Aproximar-se alguém
do altar, sem o respeito que lhe é devido, diz S. Cirilo de Alexandria, é
mostrar que o julga digno de desprezo482
A
mão que toca a carne sagrada de Jesus Cristo, a língua que se tinge do sangue
divino, diz S. João Crisóstomo, deveriam ser mais puras que os raios do sol483.
Noutro lugar, ajunta que um padre que sobe ao altar deveria ser bastante puro e
santo para merecer um lugar entre os anjos484. Que horror pois para os anjos
verem um padre, inimigo de Deus, levar uma mão sacrílega para o Cordeiro sem
mancha, e fazê-lo seu alimento! Onde se encontraria um homem tão ímpio, exclama
Sto. Agostinho, que ousasse tocar o Santíssimo com as mãos enlameadas?485 Muito
pior faz o padre que celebra missa com a consciência manchada. Deus então
desvia os olhos, para não ver um atentado tão horrível: Quando estenderdes as
vossas mãos, afastarei de vós os meus olhos486
E,
para exprimir o desgosto que lhe causam esses padres sacrílegos, declara que
lhes dá de atirar à cara a imundícia dos seus sacrifícios487. Como ensina o
Concílio de Trento, é verdade que o santo sacrifício não pode ser manchado pela
malícia do padre488. No entanto os sacerdotes, que celebram em estado de pecado
mortal, não deixam de profanar, quanto podem, este adorável mistério; por isso
declara Deus que as manchas deles o atingem dalgum modo489. Ai, Senhor, exclama
S. Bernardo, como é possível que os chefes da vossa Igreja sejam os primeiros a
perseguir-vos?490 É bem verdade, segundo S. Cipriano, que o padre, que celebra
em estado de pecado mortal, ultraja com a sua boca e com as suas mãos o próprio
corpo de Jesus Cristo491.Pedro Comestor ajunta que, quando um padre fora da
graça de Deus pronuncia as palavras da consagração, escarra por assim dizer no
rosto de Jesus Cristo, e quando recebe na sua boca indigna o corpo adorável do
Salvador, é como se o lançasse na lama492. Mas, que digo, na lama? O padre no
estado do pecado é pior que a lama: a lama, diz Teofilato, é muito menos
indigna de receber essa carne divina, do que um padre sacrílego493. Segundo S.
Vicente Ferrer, esse miserável comete então muito maior crime do que se
atirasse o Santíssima a uma sentina494. E tal é também o sentir de S. Tomás de
Vilanova: Que abominação, exclamava ele, derramar o sangue de Cristo na sentina
infecta do seu coração! 495
O
pecado do padre é sempre gravíssimo, em razão da injúria que ele faz a Deus,
que se dignou escolhê-lo para seu ministro e cumulá-lo de tantas graças.
Observa S. Pedro Damião496 que uma coisa é transgredir as leis do príncipe, e
outra feri-lo com as suas próprias mãos, como faz o padre, quando celebra em
estado de pecado mortal. Tal foi o crime dos judeus que ousaram levantar as
mãos contra a pessoa de Jesus Cristo; mas, segundo Sto. Agostinho, o pecado dos
sacerdotes que celebram indignamente é muito mais grave ainda 497. Os judeus
não conheciam o Redentor como o conhecem os padres. E de mais, diz Tertuliano,
os judeus só uma vez levantaram as mãos contra Jesus Cristo, ao passo que os
padres sacrílegos têm a audácia de renovar com freqüência esta injúria498.
Notai além disto, como ensinam os doutores, que o sacerdote sacrílego ao
celebrar comete quatro pecados mortais: 1º. consagra em estado de pecado; 2º.
comunga em estado de pecado; 3º. administra o Sacramento em estado de pecado;
4º. ministrando-o a si próprio, administra-o a um indigno, isto que se encontra
em estado de pecado499
Era
o que inflamava em zelo S. Jerônimo e o fazia estuar de indignação contra o
diácono Sabiniano. Miserável, exclamava! Como não se cobriram de trevas os
vossos olhos, como não se vos gelou a língua na boca, como vos atrevestes a
assistir no altar em estado de pecado?500 Dizia S. João Crisóstomo que o padre,
que se aproxima do altar com a consciência manchada de falta grave, é muito
pior que o demônio501. Com efeito, os demônios tremem na presença de Jesus
Cristo, como o prova uma passagem que lemos na vida de Santa Teresa. Indo ela
um dia comungar, percebeu aos dois lados do padre, que celebrava em pecado,
dois demônios, que tremiam à vista do Santíssimo, e pareciam querer fugir.
Então, do meio da hóstia consagrada, Jesus dirigiu à Santa estas palavras: “Vê
que força têm as palavras da consagração, e vê também, ó Teresa, até onde vai a
minha bondade, que, para teu bem e de todos, consinto em me pôr nas mãos do meu
inimigo”502
Assim
os demônios tremem à vista de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, ao passo
que o padre sacrílego, não só não treme, mas tem a audácia de calcar aos pés,
segundo a expressão de S. João Crisóstomo, a própria pessoa do Filho de
Deus503. Verificam-se então as palavras do Apóstolo: Quanto mais digno de
castigo deveis crer aquele que calca aos pés o Filho de Deus, e trata como uma
coisa impura o sangue da aliança, pelo qual foi santificado?503. Em presença
pois deste Deus, a cuja vista, diz Jó, tremem as colunas do céu504, um verme da
terra ousa calcar aos pés o sangue do Filho de Deus!
Mas,
ai! Que maior desgraça pode acontecer a um padre, do que mudar a sua salvação
em condenação, o sacrifício em sacrilégio, e a sua vida em morte? Sem dúvida
foram muito ímpios os judeus, que atravessaram o lado de Jesus Cristo, para
dele fazerem sair o seu precioso sangue; mas ainda mais ímpio é o padre, que
tira do cálice este mesmo sangue, para o tratar dum modo tão indigno! Tal é o
pensamento de Pedro de Blois: = Quam perditus ergo est, qui redemptionem in
perditionem, qui sacrificium in sacrilegium, qui vitam convertit in mortem!
Verbum beati Heronymi est: “Perfidus Judaeus, perfidus Christianus, ille de
latere, iste de calice sanguinem Christi fundit”! ( Epist. 123). O próprio
Senhor dizia um dia a Santa Brígida, lamentando-se destes padres sacrílegos:
Eles me crucificam mais cruelmente do que o fizeram os judeus505. O padre que
celebra em estado de pecado, diz um autor, chega por assim dizer a matar o
próprio Filho de Deus, sob os olhos de seu Pai506
Ó,
que horrível traição! Eis como Jesus Cristo se lamenta do padre sacrílego, pela
boca de Davi: Se o meu inimigo me tivesse execrado, tê-lo-ia sofrido; mas tu,
meu amigo íntimo, e um dos chefes do meu povo, tu que partilhavas das delícias
da minha mesa...!507 Tal é, feição por feição, o padre que diz a missa em pecado
mortal: Se o meu inimigo me tivesse ultrajado, diz o Senhor, eu o teria sofrido
com menor pena; mas tu, a quem escolhi para meu ministro, para seres o príncipe
do meu povo; tu, venderes-me ao demônio por um capricho, por um prazer brutal,
por um pouco de lodo! Foi o que o divino Mestre declarou mais particularmente a
Sta. Brígida: Padres tais não são sacerdotes meus, são antes traidores, porque
me vendem como Judas508. Aos olhos de S. Bernardino de Sena, são estes
sacerdotes ainda piores que Judas: com efeito Judas entregou o Salvador aos
judeus, mas eles entregam-no aos demônios, lançando-o num lugar submetido ao
seu poder, no seio dum padre sacrílego509. Pedro Comestor faz esta reflexão:
Quando o padre sacrílego sobe ao altar, recita a oração Aufer a nobis, e beija
o altar, parece que Jesus Cristo lhe censura o seu crime e lhe diz: Ó Judas! É
com um ósculo que me entregas?510 E, quando depois esse padre estende a mão
para comungar, observa S. Gregório, parece-me ouvir o Redentor a dizer como
outrora a respeito de Judas: Eis comigo sobre o altar a mão que me entrega!511
Foi o que fez dizer a Sto. Isidoro de Pelusa que “o padre sacrílego se
encontra, como Judas, possesso do demônio”512
Ó,
como então o sangue de Jesus Cristo, assim profanado, grita contra este padre
indigno, ainda em mais altas vozes que o sangue do inocente Abel contra Caim!
Foi o que o Salvador disse a Sta. Brígida513. Ó, que horror causa a Deus e aos
anjos uma missa celebrada em pecado mortal! Fê-lo o Senhor compreender um dia,
em 1688, à sua fiel serva, a irmã Maria-Crucificada, de Palma, na Sicília,
conforme se lê na sua vida . Ouviu primeiro o retinir lúgubre duma trombeta,
que com o estampido do trovão fazia ouvir, em todo o mundo estas palavras:
Ultio, poena, dolor! Viu depois uma multidão de eclesiásticos sacrílegos, cujas
vozes confusas formavam uma salmódia discordante. A seguir, um dentre eles se
ergueu para dizer missa. Enquanto ele se revestia dos ornamentos sagrados, a
igreja se cobriu de trevas e luto. Aproxima-se do altar e diz: Introibo ad
altare Dei; neste instante, de novo retine a trombeta e repete: Ultio, poena,
dolor! De repente — sinal visível da justa cólera do Senhor contra o ministro
indigno, — turbilhões de chamas se elevam e cintilam em volta do altar. Ao
mesmo tempo a religiosa distingue uma legião de anjos, armados de espadas
ameaçadoras, como para tirarem vingança do sacrilégio que se vai cometer
Quando
o monstro se prepara, para o grande ato da consagração, uma multidão de
serpentes saltam do meio das chamas, para o expulsarem do altar, — símbolo dos
temores e remorsos da consciência. É em vão, o sacrílego sacrifica todos os
remorsos à sua própria reputação. Pronuncia enfim as palavras da consagração;
então a serva de Deus observa um tremor universal, que parece abalar o céu, a
terra e o inferno . Depois da consagração a cena muda: Jesus Cristo aparece
como um doce cordeiro, que se deixa maltratar entre as garras desse lobo
cruel.No momento da comunhão, o céu obscurece-se, e todo se abala de novo, a
ponto de parecer que a igreja desaba. Os anjos choram amargamente em redor do
altar; mas ainda mais amargas são as lágrimas, que inundam o rosto da Mãe de
Deus; geme ela sobre a morte de seu Filho inocente, e sobre a perda dum filho
culpado
Depois
duma visão tão terrível, permaneceu a serva de Deus de tal modo aterrada e
abatida pela dor, que não pôde fazer outra coisa senão chorar. O autor da sua
Vida nota que foi precisamente no mesmo ano de 1688 que se deu o grande
terremoto, que tantos estragos fez na cidade de Nápoles e seus contornos, donde
se pode concluir que tal castigo foi efeito da celebração desta missa sacrílega
Haverá
no mundo crime mais horrível do que o dessa língua, que faz descer do Céu à
terra o Filho de Deus, e ousa depois carregá-lo de ultrajes no mesmo instante
em que o chama? Que coisa mais espantosa que ver essas mãos, que se banham no
sangue de Jesus Cristo, mancharem-se ao mesmo tempo no sangue impuro do pecado,
segundo a expressão de Sto.Agostinho!514 Pelo menos, exclama S. Bernardo,
dirigindo-se ao padre sacrílego, pelo menos, ó miserável, quando quiseres levar
as tuas culpas até o extremo, procura outra língua diferente da que se banha
com o sangue de Jesus Cristo, e outras mãos que não sejam as que tocam a sua
carne sagrada515.Se tais padres, — dispostos a comportar-se como inimigos de
Deus, que os elevou a tão altas funções, — se abstivessem ao menos de
sacrificar indignamente no altar! Mas não, diz S. Boaventura, para não perderem
o salário miserável duma missa, uma vil moeda, ousam cometer um crime tão
horrível516. Como assim! Para falar segundo a linguagem de Jeremias, pensais
então que a carne de Jesus Cristo, que ides oferecer, vos há de livrar das
vossas iniqüidades?517 Não; o contato desse corpo adorável, sobre o qual vos
atreveis a estender uma mão conspurcada pelo pecado, servira para vos tornar
mais culpado ainda e digno de maior castigo. Quando se comete um crime, diz S.
Pedro Crisólogo, na presença do próprio juiz, nenhuma desculpa se pode
invocar518
Que
castigo não merece sobretudo um padre que, em vez de levar consigo ao altar o
fogo do amor divino, intromete lá as chamas infectas de afeições impuras! É do
que nos adverte S. Pedro Damião, ao considerar o castigo dos filhos de Aarão519
que no sacrifício se serviram dum fogo estranho520.Quem tiver uma tal audácia,
ajunta ele, infalivelmente será consumido pelo fogo da vingança divina521. Que
Deus nos guarde pois, diz ele ainda, de virmos adorar no altar o ídolo da
impureza, e colocar o Filho da Virgem no templo de Vênus, isto é, num coração
impudíco522 . Se aquele homem do Evangelho, continua o mesmo Santo, por se ter
apresentado no festim sem a veste nupcial, foi condenado às trevas eternas, —
que castigo bem mais terrível está reservado para quem, admitido à sagrada
mesa, não só não se encontra preparado com o vestido conveniente, mas até exala
o cheiro infecto da impudicícia?523
Desgraçado,
exclama S. Bernardo, o que se afasta de Deus, mas muito mais desgraçado o
padre, que se aproxima do altar com a consciência manchada524.Falando um dia o
Senhor a Sta. Brígida a respeito de um padre sacrílego, disse-lhe que entrava
na alma dele como Esposo, com desejo de o santificar, mas pouco depois se via
obrigado a sair como Juiz, para castigar a injúria que lhe fazia este ministro
indigno, recebendo-o em estado de pecado mortal525 . Mas, se o horror do
ultraje, ou para melhor dizer, dos numerosos ultrajes que faz a Deus uma missa
sacrílega, não pode impedir esses padres culpados de celebrarem em estado de
pecado mortal, deveriam eles ao menos tremer com o pensamento do grande
castigo, que lhes está preparado. Segundo S. Tomás de Vilanova, não há castigo
bastante rigoroso para punir um tal crime como ele merece: = Vae sacrilegis
manibus, vae immundis pectoribus impiorum Sacerdotum! Omne supplicium minus est
fragitio quo Christus contemnitur in hoc sacrificio526. O Senhor disse a Sta.
Brígida que tais padres são amaldiçoados por todas as criaturas no Céu e na
terra527
Como
noutra parte dissemos, o padre é um vaso consagrado a Deus; portanto, assim
como Baltasar foi punido por ter profanado os vasos do Templo, do mesmo modo,
diz Pedro de Blois, será punido o sacerdote, que celebra indignamente. Já uma
mão misteriosa se prepara para traçar estas palavras terríveis: Máne, Thécel,
Farés. Numeratum, Appensum, Divisum528.Numeratum, quer dizer, um só sacrilégio
basta para suspender a torrente das graças divinas; Appensum, é bastante para
fazer pender a balança da justiça divina, e decidir a ruína eterna do padre
culpado; Divisum, Deus, irritado por um crime tão atroz, o repelirá e afastará
para sempre
É
assim que se há de cumprir a palavra de Davi: Torne-se em ruína sua a mesa
posta diante deles529. Sim, o altar há de tornar-se para este desgraçado o
lugar do seu suplício; ali será carregado com as cadeias que hão de retê-lo
para sempre escravo do demônio, fazendo-o perseverar no mal; porque, segundo S.
Lourenço Justiniano, todos os que comungam em pecado mortal permanecem mais
obstinados na sua malícia530. Isto está de acordo com o que o Apóstolo
declarou: O que come e bebe indignamente, come e bebe a sua própria
condenação531. Ó padre do Senhor, exclama sobre este ponto S. Pedro Damião,
vós, que deveis oferecer em sacrifício ao Padre eterno o seu próprio Filho, não
vades primeiro dar-vos como vítima ao demônio! 532
LITURGIA DO DIA 12 DE DEZEMBRO DE 2013
PRIMEIRA LEITURA (GL 4,4-7)
LEITURA DA CARTA
DE SÃO PAULO AOS GÁLATAS - Irmãos,
4quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma
mulher, nascido sujeito à Lei, 5a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e
para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6E porque sois filhos, Deus
enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai!
7Assim, já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro:
tudo isso, por graça de Deus - Palavra
do Senhor
SALMO RESPONSORIAL (SL 95)
MANIFESTAI A SUA
GLÓRIA ENTRE AS NAÇÕES
—
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai
e bendizei seu Santo nome
—
Dia após dia anunciai sua salvação, manifestai a sua glória entre as nações, e
entre os povos do universo seus prodígios!
—
Publicai entre as nações: “Reina o Senhor! Ele firmou o universo inabalável, e os
povos ele julga com justiça”
PROCLAMAÇÃO DO
EVANGELHO DE JESUS CRISTO + SEGUNDO LUCAS -
39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se,
apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e
cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou
no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito,
exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!
43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua
saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre.
45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu”. 46Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu
espírito se alegra em Deus, meu Salvador” - Palavra da Salvação
Mensagem
do dia 25 de outubro de 1994 - "Eu estou com vocês e também hoje Me alegro porque o
Altíssimo Me presenteou estar com vocês, instruí-los e conduzi-los pela estrada
da perfeição. Filhinhos, desejo que vocês sejam um maravilhoso ramalhete de
flores para ofertar a Deus no dia de todos os Santos. Convido-os a abrirem-se e
a tomarem os Santos como modelos. A Mãe Igreja os escolheu como um estímulo
para vocês, no seu dia a dia" – Mensagem de Nossa Senhora em Medjugorje
A IGREJA CELEBRA HOJE , NOSSA SENHORA DE
GUADALUPE - Num sábado, no ano de
1531, a Virgem Santíssima apareceu a um indígena que, de seu lugarejo,
caminhava para a cidade do México a fim de participar da catequese e da Santa
Missa enquanto estava na colina de Tepeyac, perto da capital. Este índio
convertido chamava-se Juan Diego (canonizado pelo Papa João Paulo II em 2002). Nossa
Senhora disse então a Juan Diego que fosse até o bispo e lhe pedisse que
naquele lugar fosse construído um santuário para a honra e glória de Deus. O
bispo local, usando de prudência, pediu um sinal da Virgem ao indígena que,
somente na terceira aparição, foi concedido. Isso ocorreu quando Juan Diego
buscava um sacerdote para o tio doente: “Escute, meu filho, não há nada que
temer, não fique preocupado nem assustado; não tema esta doença, nem outro
qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu aqui, a seu lado? Eu sou a sua Mãe
dadivosa. Acaso não o escolhi para mim e o tomei aos meus cuidados? Que deseja
mais do que isto? Não permita que nada o aflija e o perturbe. Quanto à doença
do seu tio, ela não é mortal. Eu lhe peço, acredite agora mesmo, porque ele já
está curado. Filho querido, essas rosas são o sinal que você vai levar ao
Bispo. Diga-lhe em meu nome que, nessas rosas, ele verá minha vontade e a
cumprirá. Você é meu embaixador e merece a minha confiança. Quando chegar
diante dele, desdobre a sua “tilma” (manto) e mostre-lhe o que carrega, porém,
só em sua presença. Diga-lhe tudo o que viu e ouviu, nada omita…” . O prelado
viu não somente as rosas, mas o milagre da imagem de Nossa Senhora de
Guadalupe, pintada prodigiosamente no manto do humilde indígena. Ele levou o
manto com a imagem da Santíssima Virgem para a capela, e ali, em meio às
lágrimas, pediu perdão a Nossa Senhora. Era o dia 12 de dezembro de 1531. Uma
linda confirmação deu-se quando Juan Diego fora visitar o seu tio, que sadio
narrou: “Eu também a vi. Ela veio a esta casa e falou a mim. Disse-me também
que desejava a construção de um templo na colina de Tepeyac e que sua imagem
seria chamada de ‘Santa Maria de Guadalupe’, embora não tenha explicado o
porquê”. Diante de tudo isso muitos se converteram e o santuário foi
construído. O grande milagre de Nossa Senhora de Guadalupe é a sua própria
imagem. O tecido, feito de cacto, não dura mais de 20 anos e este já existe há
mais de quatro séculos e meio. Durante 16 anos, a tela esteve totalmente
desprotegida, sendo que a imagem nunca foi retocada e até hoje os peritos em
pintura e química não encontraram na tela nenhum sinal de corrupção. No ano de
1971, alguns peritos inadvertidamente deixaram cair ácido nítrico sobre toda a
pintura. E nem a força de um ácido tão corrosivo estragou ou manchou a imagem.
Com a invenção e ampliação da fotografia descobriu-se que, assim como a figura
das pessoas com as quais falamos se reflete em nossos olhos, da mesma forma a
figura de Juan Diego, do referido bispo e do intérprete se refletiu e ficou gravada
nos olhos do quadro de Nossa Senhora. Cientistas americanos chegaram à
conclusão de que estas três figuras estampadas nos olhos de Nossa Senhora não
são pintura, mas imagens gravadas nos olhos de uma pessoa viva. Declarou o Papa Bento XIV, em 1754: “Nela
tudo é milagroso: uma Imagem que provém de flores colhidas num terreno
totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros… uma Imagem estampada
numa tela tão rala que através dela pode se enxergar o povo e a nave da Igreja…
Deus não agiu assim com nenhuma outra nação”. Coroada em 1875 durante o
Pontificado de Leão XIII, Nossa Senhora de Guadalupe foi declarada “Padroeira
de toda a América” pelo Papa Pio XII no dia 12 de outubro de 1945. No dia 27 de janeiro de 1979, durante sua
viagem apostólica ao México, o Papa João Paulo II visitou o Santuário de Nossa
Senhora de Guadalupe e consagrou a Mãe Santíssima toda a América Latina, da
qual a Virgem de Guadalupe é Padroeira - Nossa
Senhora de Guadalupe, rogai por nós!
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