Os
evangelhos contam que São João era o discípulo preferido de Jesus. Mas, qual
seria a razão disso? Como vocês sabem, não sou teólogo nem entendido nesses
assuntos, aliás, nem nesses, nem em outros, mas gostaria de atrever-me a dar alguns
palpites sobre essa preferência de Jesus.
Não
vou ter aqui a pretensão de ser original. Pode ser que o que vou dizer eu já
tenha lido em algum lugar e não me lembre mais. Tenho cá a opinião de que Jesus
amava mais São João porque ele era o mais perfeito dentre os apóstolos. Talvez
ele não fosse quem mais amasse Cristo, mas o que O amava de modo mais perfeito.
A própria tríplice declaração de amor de Pedro, no final do evangelho do
próprio São João, parece conter a afirmação, o reconhecimento por parte de
Cristo, de que São Pedro O amava mais do que todos os outros apóstolos.
Sabemos
que Deus odeia o pecado. Ainda que seja infinitamente misericordioso, Deus
abomina a mínima falta, a mínima culpa, a menor impureza. Reparemos na
integridade de caráter de São João. Ele não era covarde. Não era inconstante.
Não abandonou seu Mestre na perseguição, na paixão e na morte. Como prêmio, São
João recebeu a custódia de Maria, e o martírio não o atingiu.
Há
um aspecto no apóstolo amado que sempre me chamou muito a atenção. Qual é ele?
A sua proximidade espiritual a São Pedro. Após a paixão e a morte de Jesus, os
evangelhos e os Atos dos Apóstolos dão a impressão de que São João era o apóstolo
mais próximo a São Pedro. Quase sempre vemos os dois juntos. Até na corrida ao
sepulcro, quando o discípulo mais jovem chega primeiro, mas, reconhecendo a
autoridade de Pedro, não entra.
Sim.
São João era o mais perfeito enquanto Jesus vivia na terra, mas continuou sendo
o mais perfeito quando o Senhor subiu aos céus. Como sabemos disso? São João é
o modelo da devoção que devemos ter à Virgem Maria, ao zelo e carinho que
devemos ter por ela e pelas coisas dela, e o modelo de obediência perfeita ao
Papa.
Depois
que Jesus subiu aos céus, sou inclinado a afirmar que quando São João via São
Pedro, não via São Pedro. Via Cristo. Quando São João ouvia São Pedro, não
ouvia São Pedro. Ouvia Cristo. O discípulo amado sabia, mais do que isso,
sentia, que Pedro era o Vigário de Cristo. A palavra vigário quer dizer
substituto, aquele que faz as vezes de outro.
Certamente,
São João percebia a diferença brutal, descomunal, que havia entre o Criador,
Cristo, e a criatura, Pedro. É bem provável até que percebesse e conhecesse bem
os defeitos de São Pedro. Mas isso não diminuía a reverência e a obediência
filial que ele mantinha ao príncipe dos apóstolos.
Temos
agora um novo Papa. Bendito seja Deus! Bendito seja o nome de Deus pelo Papa
Francisco! A exemplo de São João, não nos afastemos de Pedro. Acompanhemo-lo em
suas alegrias e em suas dores. Apoiemo-lo em seus trabalhos, com as nossas
orações e, se preciso for, também com ações concretas. Estejamos ao lado de
Pedro em suas lutas e pelejas.
Lembremo-nos
sempre do exemplo de São João: com Jesus até o calvário; na intimidade e no
zelo pelas coisas de Maria; no amor e na obediência incondicional ao Papa.
Paul Medeiros Krause
Procurador do Banco Central em Belo
Horizonte
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