"Ideologia de Gênero - O neototalitarismo e a morte da família" foi o tema abordado pelo advogado, professor de Bioética e referência internacional no tema, Jorge Rafael Scala, nesta sexta-feira, 4, durante o II Congresso Internacional pela Verdade e pela Vida, promovido pela Human Life International no Mosteiro de São Bento, em São Paulo.
Scala destacou que a IG traz três perigos principais para a sociedade. Nesse sentido, a Igreja deve promover um anúncio positivo da vida e, ao mesmo tempo, também promover a denúncia profética, quando seja necessário.
Confira a entrevista exclusiva:
Quais são os principais perigos que a Ideologia de Gênero (IG) traz para o mundo?
Jorge Rafael Scala - O principal perigo é que a IG defende que o sexo seria apenas um aspecto biológico do ser humano, mas, psicologicamente, alguém poderia eleger se deseja ser homem ou mulher. Qual é o perigo disso? Acredito que sejam três os principais:
1 - antropológico: se homens e mulheres tivessem autonomia absoluta para criar o próprio gênero, não seríamos iguais, mas idênticos, pois poderíamos formar nosso próprio gênero. Mas toda a riqueza da humanidade é fruto da complementariedade entre os gênios masculino e feminino, não competindo, mas complementando-se mutuamente. Isso é muito melhor e criativo do que aquilo que poderiam fazer cada um dos gênios em separado. Mas, se são idênticos, não há complementariedade. Antropologicamente, reduz-se o ser humano a alguém insosso, sem criatividade, especificidade;
2 - Se há liberdade para construir o próprio gênero, a relação entre os sexos muda consideravelmente - ninguém mais pode dizer que o matrimônio entre homem e mulher seja melhor que outras formas de relação. Cada um escolhe o que quer. Todas as opções estão em igual condição. Assim, as relações só se justificariam pelo prazer que se dá a cada um. Se a mim me dá prazer estar com um homem, isso teria o mesmo valor jurídico, moral e social que o matrimônio entre homem e mulher. Assim, acaba-se destruindo o matrimônio e família;
3 - Enfim, acaba-se por destruir a sociedade, porque já não tenho célula básica.
Quando a Igreja fala sobre IG, vários setores interpretam-na como se fosse contra as pessoas, seres humanos, prazer, alegria. Como tratar esse tema a partir de uma ótica positiva, mostrando que a Igreja deseja promover ser humano?
Jorge Scala - Primeiro, isso é um problema "de sempre" na Igreja. Basta ver que Jesus veio trazer a liberdade e o mataram numa cruz. A Igreja não tem que se preocupar com o que diz o mundo, desde que sempre pregue a verdade. Que haja gente que não goste do que diz a Igreja, sempre houve e haverá.
Deve-se se preocupar, sim, que o discurso da Igreja seja entendido na sua justa dimensão. E isso requer esforço para se encontrar o melhor modo de comunicar essa verdade, transmitir essa mensagem. A resposta é muito simples: devemos mostrar a beleza do gênio feminino, do gênio masculino e da integração entre ambos. Esta é a proposta positiva.
Além disso, além da proposta positiva da dignidade e da sexualidade humanas, temos também que fazer a denúncia profética, porque não se pode ficar calado e se tornar cúmplice.
A mensagem positiva deve ocupar a maior parte do tempo e do esforço, dando espaço, sempre que necessário, para a denúncia profética. As duas coisas são necessárias.
Por Leonardo Meira do Portal de Noticias Canção Nova.
Publicado 4 de novembro de 2011.
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