Em sua Carta Apostólica, o Papa João Paulo II dizia como a oração do Rosário está em crise, e que há o perigo de que seja desvalorizada, que os cristãos não sejam suficientemente instruídos sobre esta oração.
Nós sabemos que a oração do Rosário requer um ritmo calmo e a dedicação de um certo tempo, de modo que quem o reza possa meditar sobre os mistérios da vida de Jesus: o Rosário é um método de meditação. Através da oração de repetição, ele desperta em nós o desejo de poder tornar-nos mais parecidos com Jesus... A repetição "Ave Maria, Ave Maria" nos coloca num processo de união profunda com a vida de Jesus.
Se observarmos a nossa vida, veremos que uma das coisas mais básicas do dia é a repetição. Repetimos sempre, todos os dias: a mesma maneira de começar a oração, o mesmo modo de agir, desde o acordar, o vestir-se, as ações quotidianas, até o ir ao encontro de Deus.
A repetição nos dá estabilidade, segurança, ordem. A repetição também nos parece algo de novo, sempre. A consequência da repetição é a paz interior, a tranquilidade. Através da repetição da "Ave Maria", a própria pessoa se coloca em paz.
Isso o sabem aqueles que rezam o Rosário à noite... Sabem bem isso os que muitas vezes adormecem em casa durante a oração, se estão cansados; se estão muito cansados já adormecem no segundo mistério, os anjos continuam os outros três...
Certamente dormiremos melhor se adormecermos com a oração do Rosário. É melhor dormir na metade do Rosário do que não rezar nada! Padre Slavko costumava dizer, quando procurava consolar aqueles que adormeciam porque não estavam concentrados na oração, ele dizia: “Aqueles que não rezam não têm problemas com a concentração!”. Somente quando a pessoa começa a rezar o Rosário ela vê o quanto é difícil concentrar-se. Mas não só a oração é um problema, a sua própria vida é um problema.
Hoje infelizmente está na moda a necessidade de haver sempre algo novo, a todo custo. Por isso, muitos dirão que a oração do Rosário é algo antigo e não moderno. Por esse motivo, a oração do santo Rosário não é mais praticada por parte de muitos cristãos. Também nós hoje queremos novos modos, novos métodos.
O Rosário é evangelho! No Rosário estão palavras divinas, não humanas.
Quando começamos a rezar o Rosário, os nossos pensamentos despertam: saltam, pulam como macacos de um ramo a outro. Durante a oração do Rosário surgem na nossa mente os rostos das pessoas, os acontecimentos, e muitos têm dificuldade em concentrar-se.
Mas isso não acontece só na oração! Hoje o homem tem cada vez mais dificuldade em concentrar-se, com os vários trabalhos, lidando com diferentes pessoas. E nem ao menos nos momentos bons consegue recolher-se. Assim, hoje o homem não tem paz porque está estressado e fica nervoso.
Frequentemente muitas pessoas vivem hoje sempre sob stress, sob tensão. Por isso, quando não conseguirmos concentrar-nos, é importante o seguinte: não devemos fugir disso, mas sim abandonar-nos, entregando depois tudo isso a Deus.
O Rosário nos mostra o valor da reflexão, da meditação: ele disciplina o nosso espírito, nos revela o nosso estado de alma, a nossa necessidade de estarmos unidos a Deus todo dia.
A coisa mais difícil para nós na vida é a disciplina. Podemos rezar um Rosário com entusiasmo, depois por três dias não rezamos, e logo aquele entusiasmo passa. Como sabemos, temos necessidade do ar todos os dias para poder viver; do mesmo modo, temos necessidade também da oração, de estar bem unidos a Deus.
Muitas vezes já contamos a história daquele menininho que foi à escola pela primeira vez. “Bem-vindo” de volta em casa, o papai e a mamãe lhe perguntam como tinha sido na escola, e ele, todo entusiasmado, conta: “Foi muito bom, a professora é ótima, nos ensinou uma canção, nós escrevemos também algumas coisas, nos divertimos, nos sentimos bem... mas”, diz o menino, “só tem um problema”. E a mamãe e o papai perguntam: “Qual é o problema, diz-nos!”. E ele fala: “A professora nos disse que temos que voltar amanhã”.
Nós todos sabemos que, no caminho que nos leva a Deus, temos necessidade de voltar à escola todos os dias, de nos unirmos a Deus. Este é o mistério da vida: ser persistentes e insistentes, assim como foi Nossa Senhora junto com os apóstolos, quando estavam esperando que se cumprisse a promessa de Jesus. Ela era a Mãe da esperança também nos momentos mais difíceis. Ela é a mãe da esperança também quando nós pensamos em abandonar tudo, em abandonar a Deus, abandonar Medjugorje, quando nos sentimos cansados, rejeitados, talvez mesmo por aqueles de quem não poderíamos esperar. Quando percebemos que não somos mais aceitos e compreendidos onde vivemos, nos perguntamos: “Deus meu, por que tenho que passar por isso?”
Quando muitos dizem: “Vivia muito melhor antes de vir a Medjugorje”, pode nos parecer que estavam melhor antes. “Agora que, em Medjugorje, acordei, comecei a viver, a seguir o caminho de Deus, é como se tivesse encontrado todas as resistências possíveis, todos os sofrimentos possíveis, escárnios...”. Todas essas coisas são tentações. Mas, “Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida” (Tg 1, 12).
Medjugorje não é testemunhada com as discussões, embora às vezes haja necessidade disso também... mas com o amor, só com o amor.
Nossa Senhora diz: “Só com o amor podeis vencer o mal que lhes vem dos outros”. Isto é o amor: é ser capaz de sofrer... O amor sempre inclui o sofrimento, a dor, porque o amor sem dor não existe. Este é o sofrimento e o amor que nos purificam e nos tornam mais semelhantes a Jesus. O sofrimento limpa o nosso coração do egoísmo, do orgulho.
Isto desejo a cada um de vocês, que não se fechem, que não abandonem, que não deixem aquela luz que o Senhor acendeu em vocês através de Nossa Senhora... Para além de todas as dificuldades, todos os tormentos, desejo que todos passemos através deste deserto que é Jesus mesmo... para poder entrar naquela terra que Jesus mesmo nos preparou.
Agradeço muito pela paciência.
Padre Ljubo Kurtovic
Traduzido do italiano para o português por Tania
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