segunda-feira, 2 de maio de 2011

Madres do Deserto – Santa Sinclética – Parte I


Hoje iniciaremos o relato da vida de Santa Sinclética, ela que é uma das figuras mais importantes entre as Madres do Deserto. De fato, este relato é longo, e como das outras vezes o farei em partes...

A frase atribuída a São Gregório de Nissa põe em relevo uma das qualidades do caráter de Madre Sinclética: “Que a mulher não diga: ‘Sou débil’. Porque a debilidade é coisa da carne, e ao contrário, é na alma onde está o vigor”.

Podemos ainda exprimir o pensamento de São João Crisóstomo: “Não somente entre os homens triunfa a vida monástica, mas também entre as mulheres. Com efeito, muitas vezes as mulheres têm lutado melhor que os homens e tem obtido vitórias mais brilhantes.”

Santa Sinclética é a mais famosa das Madres do Deserto. Sua doutrina é sintetizada nos vinte e sete apoftegmas que dela conserva-se. Estes extraídos de sua vida, escrita no final do século IV. Veremos sua vida e apoftegmas.

Cremos que Santa Sinclética existiu, e que o autor de sua biografia foi um monge anônimo. Existe uma tradição que afirma que a escreveu “certo asceta Policarpo”, ou tal “bem-aventurado Arsênio”, porém nenhum dos dois pôde ser identificado até nossos dias.

A vida de Santa Sinclética é parecida e similar com a de Santo Antão. Ambas as personagens viveram o mesmo tipo de vida solitária e ambos compartilharam o mesmo ideal vivido com total autenticidade e entrega.

Primeiros anos de sua vida

Seu nome, etimologicamente significa assembléia celestial. Era de Macedônia. Seus antepassados haviam conhecido o amor dos alexandrinos a Deus e a Cristo: por este motivo deixaram Macedônia e se transferiram para Alexandrina. Ao chegarem, experimentaram que a realidade superava quanto haviam escutado. Por isso, com verdadeiro gozo, fixaram ali sua residência. Não foi o grande número de habitantes que os agradou, nem a magnificência de seus edifícios que provocou sua admiração, senão o ter encontrado nesta cidade uma fé simples unida a uma caridade sincera. Desde então, consideravam aquela terra, a qual havia emigrado, como uma segunda pátria.

A bem-aventurada Sinclética era de família nobre e gozava de grande bem-estar, podendo obter do mundo quanto desejava. Tinha uma irmã que compartilhava seus ideais e dois irmãos cristamente educados. Um deles morreu muito jovem; e o outro, ao chegar aos 28 anos foi pressionado pelos seus pais para que se casasse. Uma vez terminados todos os preparativos para as bodas, firmados os contratos que se dava nestes casos, o jovem morreu e sua alma voou como pássaro livre, trocando a esposa da terra pela casta e livre comunidade dos santos.

Todavia, ainda criança, Sinclética sentiu-se atraída por Deus, sua alma começou a formar-se no Amor e cuidava menos do seu corpo que de sua alma, cujos movimentos vigiavam constantemente.

Sua grande formosura atraiu, desde a mais terna juventude, numerosos pretendentes. Uns a cortejavam atraídos pela riqueza dos pais, outros pela nobreza, mas seduzidos na verdade, também por sua beleza. Seus pais induziam-na insistentemente a escolher um daqueles jovens e casar-se, pois tinham vivo desejo de continuar nela a tradição familiar. Porém, Sinclética, com sensatez de alma, recusava tais insinuações; as criaturas lhe falavam de um matrimônio divino. Não dava esperanças aos numerosos admiradores que a pretendiam, pois só o Esposo divino gozava de suas preferências.

Continuamos na próxima semana...
Fiquem na paz!

Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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