quarta-feira, 30 de março de 2011

Em Medjugorje, tocaram Nossa Senhora

Queridos irmãos, a paz! Convido-os a acompanharam este interessantíssimo diálogo sobre Nossa Senhora entre um grande teólogo francês, o Pe. René Laurentin, considerado o maior mariólogo dos nossos dias, e Messori, o mais conhecido escritor católico italiano.
MESSORI: Comecemos por Medjugorje. Nossa Senhora tinha dito para rezar e fazer penitência a fim de evitar a guerra. Rezaram, fizeram penitência, mas a guerra estourou da mesma maneira.

LAURENTIN: Não pretendo interpretar a bondade de Deus. Mas penso, por exemplo, no fato de que o bispo de Zagabria era favorável a reconhecer a autenticidade das aparições, enquanto que o de Mostar era contrário. Zagabria ficou intacta. Mostar foi destruída pelos bombardeios. O bispo de Zagabria me disse: “A Igreja da ex-Iugoslávia não seguiu as instruções de Nossa Senhora”.


MESSORI: E quanto a Kibeho, em Ruanda, o que acha?

LAURENTIN: Também ali, tudo começou muito antes que estourasse a guerra. A primeira aparição foi em 19 de agosto de 1982. Os videntes disseram que Nossa Senhora estava triste e que chorava, como em Civitavecchia. A aparição durou oito horas. Os videntes viram imagens terríveis, um rio de sangue, massacres, cadáveres abandonados, cabeças decepadas. Contaram todas essas coisas 11 anos antes que se realizassem.


MESSORI: Mas por que, se Nossa Senhora deseja comunicar-nos alguma coisa, não o faz de um modo mais claro, indiscutível para todos?

LAURENTIN: Porque a comunicação entre Deus e os homens é sempre um mistério, acontece sempre no claro-escuro. As aparições passam pela psicologia do indivíduo. O vidente vê e ouve coisas que os outros não vêem e não ouvem.


MESSORI: Mas houve casos, como em Fátima, onde a “dança do sol” foi vista por 70 mil pessoas e até mesmo filmada.

LAURENTIN: Sim, mas também isto é um fato misterioso, porque o sol foi visto dançar só num raio de algumas dezenas de quilômetros ao redor de Fátima, não em toda a Terra. Também em Medjugorje aconteceram fatos análogos, muitos viram (e existem até vídeos) a cruz em cima da colina transfigurar-se e assumir a aparência da Virgem. É possível fazer muitas suposições, mas os racionalistas encontrarão sempre algo a objetar. É difícil provar um fato sobrenatural.

MESSORI: O senhor nunca foi testemunha, lá na Bósnia Herzegovina, de um fenômeno inexplicável?

LAURENTIN: Não, nunca.


MESSORI: Eu também não, com exceção de um fato que o senhor certamente conhece. Sabe bem que em Medjugorje as “aparições”, verdadeiras ou supostas, aconteciam na sacristia. Bem, uma tarde também eu estava naquela sacristia, e posso testemunhar que, como sempre, os milhares de pássaros que cantavam diante da igreja se calaram de repente, todos juntos, quando começou o êxtase dos jovens, e voltaram a cantar logo depois. Mas uma coisa bem diferente é ter uma aparição... Parece que a estratégia de Nossa Senhora seja a de não aparecer nunca aos jornalistas e aos professores, não?

LAURENTIN: Penso que as pessoas muito racionais não são adequadas a experiências deste gênero. São comunicações intuitivas, pessoais...


MESSORI: Há vários anos que é quase impossível que a Igreja reconheça fatos sobrenaturais. Você diz que Bernadette, hoje, não seria acreditada.

LAURENTIN: A Igreja pede, em primeiro lugar, que se verifique se não existem desvios da fé ou desonestidade por parte dos videntes. Se não há nada disso e se os “frutos” são bons, então a Igreja prefere não intervir, limitando-se a supervisionar o culto.


MESSORI: Bernadette muitas vezes se queixou do modo como retrataram Nossa Senhora. Sempre disse que a estátua de Fabisch, exposta na gruta de Massabielle, se assemelhava pouco a “Aquela” que lhe havia aparecido. Mas acrescentou que lhe era impossível descrevê-la com precisão... Em suma: em cada aparição, Nossa Senhora é descrita pelos videntes com um aspecto ao mesmo tempo semelhante e diferente. Como é, na verdade, Maria?

LAURENTIN: Não podemos imaginá-lo, porque está numa outra dimensão, na dimensão da eternidade. Por isso, Bernadete não conseguia descrever com palavras humanas aquilo que havia visto.


MESSORI: Mas por que Nossa Senhora é descrita de modo diferente pelos videntes, dependendo de onde aparece? Em suma, Maria no céu está vestida como em Guadalupe, como em Lourdes, como em La Salette, como em Fátima ou como em Medjugorje? Qual é o seu “guarda-roupa”?

LAURENTIN: Ah, não existe um “guarda-roupa”, mas uma adaptação da Virgem ao vidente, à sua cultura, às suas tradições, ao seu tempo. Estou certo de que Bernadette “viu” realmente Maria com um vestido branco, com uma faixa azul e duas rosas nos pés, assim como penso que em Medjugorje os jovens realmente tocaram Nossa Senhora.


MESSORI: Tocado? Em Medjugorje “tocaram”?

LAURENTIN: Sim, tocaram o corpo de Maria.


MESSORI: E como era? Um corpo “sólido”, “físico”?

LAURENTIN: Sim, sim, disseram ter tido a impressão de ter tocado algo de muito “vivo”, algo que emanava uma energia muito forte. Embora que, também aqui, a descrição não permite compreender tudo.


MESSORI: Ouve, esta é uma pergunta que pode parecer absurda. De acordo com a fé, existem dois corpos já ressuscitados, o de Jesus e o de Maria. Onde estão estes corpos? Onde podemos imaginá-los?

LAURENTIN: Não no nosso espaço, não nas nossas três dimensões, quatro se contarmos também o tempo. Vivem em Deus, na eternidade. Onde? Como? Não faço idéia, não posso compreender uma dimensão na qual nunca estive.


MESSORI: O senhor, que dedicou 50 anos ao estudo para mostrar a sua sinceridade e virtudes evangélicas, o que dirá a Bernadette quando a vir?

LAURENTIN: Não creio que haverá necessidade de falar, mas apenas de ver. Será uma contemplação. Mas depois, creio que nos abraçaremos rindo felizes.

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