segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"...a oração e o jejum, podem [...] até mesmo suspender as leis naturais."

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, a paz de Nosso Senhor e o amor de Maria estejam convosco e com os seus. A cada dia, desde o princípio, o homem encara a realidade da criação de Deus em si e em tudo a sua volta... Nestes dias, muitos de nós temos acompanhado o sofrimento de tantas pessoas que têm perdido seus bens, suas famílias, seus sonhos, sua vida ao encarar duramente que “toda criação geme e sofre como que dores de parto” enquanto “aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8, 19.22). Reflexo exterior do que vive o homem em seu interior??! Gostaria de meditar convosco a mensagem de 21 de julho de 1982:

“Queridos filhos! Convido-vos a rezar e a jejuar pela paz no mundo. Vós esqueceis que com a oração e o jejum, podem ser afastadas também as guerras e até mesmo suspender as leis naturais. O melhor jejum é aquele a pão e água. Todos, exceto os enfermos, devem jejuar. As esmolas e as obras de caridade não podem substituir o jejum. Obrigada por terdes respondido ao meu chamado”.

Nossa Senhora inicia esta mensagem com um convite à oração e ao jejum. E muitos talvez pensem: “Isto Ela pede em dezenas de mensagens!!!” E é verdade!!! Mas esta mensagem me tocou de maneira particular com o que estamos vivendo estes dias, porque Maria vem nos lembrar da força da oração e do jejum diante das guerras e das leis naturais.

Olhando para toda esta triste realidade o que me veio ao coração é que o homem vive fora de si, ao seu redor, aquilo que ele vive dentro!!! Como um reflexo!! E aqui não falo de uma única pessoa, mas do conjunto, da humanidade, porque o que o mundo vive não é o que acontece no coração de um, mas acredito que um reflexo das escolhas humanas com um todo.

Sem culpa ou mérito de alguém em particular, mas uma parcela de responsabilidade de cada um de nós. O homem usa sua “liberdade” para destruir a si e ao mundo. Ao invés de usar seu livre-arbítrio em favor de si, buscando o amor de seu Criador, usa-o contra si e contra seu semelhante.

Vemos uma humanidade onde Deus, a religião, a Igreja são postos de lado, como um brinquedinho que eu guardo no armário e pego de vez em quando, no momento em que os outros brinquedinhos não estão tão divertidos assim... Interiormente, o homem tem escolhido ser arrastado pela lama do pecado, e imerso nela se encontra fadado a morrer para Deus, ou matar Deus em si, pois para Deus nenhum de nós está morto, pois até o último momento Ele grita nosso nome, tentando nos resgatar. Lembro-me do Pe. Eugênio falar uma vez na missa de uma ícone onde o Senhor se encontra de joelhos diante da porta do inferno clamando para que Seus filhos não entrem...

São João Maria Vianney, o Santo Cura d´Ars, disse que “às vezes se diz que ‘Deus castiga aos que ama’. Mas não é verdade, porque para aqueles que amam a Deus, as provas não são castigos, e sim graças”. É difícil dizer, diante da tragédia que tantas famílias estão passando, que é possível tirar algo bom disto tudo, ver tudo isto como graça... Talvez alguns pensem que é fácil para mim dizer, pois não foi comigo... Mas talvez em algum momento seja... E espero, na graça de Deus auxiliada por Maria, estar com o coração preparado para ver diante da dor, a Sua vontade amorosa. E só conseguimos encarar as provas como graças, se for pela oração e pelo jejum; se estivermos na intimidade de Deus, se dentro de nós ao invés da lama do pecado, estiver a água cristalina que jorra do coração de Cristo por amor a nós.

E como?? Se conhecemos a Palavra de Deus, se lemos a Bíblia, veremos ao longo da história do povo de Deus como o Senhor esteve ao lado dos seus, como livrou o Seu povo e combateu por ele.. Quando vemos Maria falar que podemos suspender as leis naturais, a nossa limitação humana pula na frente e diz: “isto é impossível”. Como criaturas tão pequenas, frágeis, podem fazer algo diante de um gigante como uma tempestade, um tsunami, um maremoto, um terremoto, um vulcão??!?

A Palavra de Deus nos diz que Moisés atravessou o Mar com o povo de Israel a pés enxutos (Ex 14, 22)!! Como se divide o Mar??!? Josué falou ao Senhor e disse: “Sol, detém-te sobre Gabaon, e tu, ó lua, sobre o vale de Ajalon” (Js 10, 12) e diz no livro do profeta que o sol parou e a lua não se moveu e que “não houve, nem antes nem depois, um dia como aquele, em que o Senhor tenha obedecido à voz de um homem”. E por quê? Porque eram homens que confiavam. E não tem como confiar quem não tem intimidade com o Senhor, quem não ora para falar e escutar o que diz o Senhor, quem não jejua para conhecer sua miséria e dependência de Deus.

Por acaso é o meu esforço que afasta a guerra e para as leis naturais?? Acaso foi o esforço dos homens que os fez atravessar mares, dançar em fogueiras, parar os astros?? Deus é fiel e cumpre o que promete, só espera que nós usemos bem a liberdade que nos dá, para que possa agir. O que disse o Senhor a Josué, repete a nós: “Tem ânimo, pois, e sê corajoso para cuidadosamente observares toda a lei que Moisés, meu servo, te prescreveu. Não te afastes dela nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas feliz em todas as tuas empresas. Traze sempre na boca (as palavras) deste livro da lei; medita-o dia e noite, cuidando de fazer tudo o que nele está escrito; assim prosperarás em teus caminhos e serás bem-sucedido. Isto é uma ordem: sê firme e corajoso. Não te atemorizes, não tenhas medo, porque o Senhor está contigo em qualquer parte para onde fores”. (Js 1, 7-9)

Acaso guardamos as leis de Deus? Meditamos Sua palavra dia e noite? São Pedro nos lembra em sua primeira epístola que “a caridade cobre a multidão dos pecados” (I Pe 4, 8) e nisto vemos o poder do jejum, pois Maria diz que as obras de caridade não podem substituir o jejum!!! ORAÇÃO E JEJUM; atendemos?? E como Deus estará conosco em nossos caminhos se não estamos com Ele??!?!

A dura realidade é que uma parcela sofre pela escolha de muitos. Mas diante de tudo isto, é belo ver que a natureza é capaz de ensinar ao homem o valor da bondade, da generosidade, da caridade... Como é lindo ouvir alguns testemunhos como o do rapaz que saiu com o carro de som para alertar a população que deixasse suas casas, pois viria a tempestade... A enxurrada veio, não houve vítimas naquele lugar e enquanto alguns conseguiram salvar algumas coisas, o rapaz do carro de som perdeu tudo, mas salvou vidas... Ou do homem que perdeu sua família inteira, mas estava no meio da destruição ajudando quem ainda tinha vida... Da mulher que no meio do sofrimento por ter perdido suas coisas, disse: “nós perdemos tudo...”; parou, pensou e corrigiu: “não!! Nós ainda temos vida, graças a Deus!!”

Lembro-me da expressão “paciência de Jó” que é tão mal usada... Estas pessoas é que tem tal paciência, pois como a figura bíblica, perderam tudo... E diante de tão grande sofrimento, o que fez Jó?? Louvou a Deus: “Nu saí do ventre de minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor. Aceitamos a felicidade da mão de Deus; não devemos também aceitar a infelicidade?” (Jó 1, 21. 2, 10).

Alguns cientistas dizem, estudando modelos, que a terra passa por períodos de resfriamento e aquecimento... Ou seja, alguns dizem que a culpa do que estamos vivendo é da poluição, da camada de ozônio, do desequilíbrio ambiental causado pela ação do homem e por aí vai... Outros dizem que isto aconteceria (em maior ou menor grau), independente da ação humana... A questão é que de qualquer forma, a natureza grita e o homem diante desta realidade, padece! E o que nós aprenderemos com tudo isto??

A rezar e jejuar, como pede a Mãe de Deus?? A amar a Deus, ouví-Lo e obedecê-Lo?? A aceitar o sofrimento como forma de me unir a Cristo, buscando na dor um sentido, um caminho para alcançar a meta da nossa existência, um caminho para a casa do Pai??? Ou viverei tudo isto como castigo, amaldiçoando a Deus, ou o pior, acreditando que Ele não existe??!

Creio verdadeiramente que se for da vontade de Deus, podemos parar as leis naturais pela oração e o jejum. Mas creio ainda mais que podemos oferecer tudo isto a Ele unindo-nos ao sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelas mãos de Maria, para que diante de tanta dor e sofrimento, aqueles que não crêem possam conhecer o amor de Deus. Pois, meus caros, confesso que ao ouvir a notícia de tantas mortes tão próximas de nós, o que mais entristeceu meu coração foi pensar que no meio daqueles escombros, não tenham se perdido apenas vidas na carne, mas tenham sido perdidas almas para todo sempre porque nós não oramos nem jejuamos suficiente pela conversão daqueles que não amam a Deus!!!

Para aqueles que crêem, é possível compartilhar do desejo de São Paulo, “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.” (Fl 1, 21). Mas de fato, não poderemos nos alegrar inteiramente, se no fim dos nossos dias, nos depararmos com a realidade de que não vivemos como Cristo, dando tudo de nós não apenas pela nossa salvação, mas pela do nosso semelhante.

A oração e o jejum que nos pede Maria, não são poderosos apenas por poderem afastar guerras e parar catástrofes naturais, mas, sobretudo por destruir a ação do inimigo no nosso coração e na nossa vida e por ser força para sairmos dos escombros, da lama do pecado e vivermos uma vida toda nova em Cristo, sob a vontade de Deus e o olhar de Maria!!! Meus caros, a mesma força da natureza que é capaz de destruir o que vê pela frente, é capaz de fazer brotar uma flor no deserto. Se ao nosso redor vemos destruição (seja física ou espiritual), busquemos em Deus a graça para sermos a flor que brota no deserto. Obrigada por ler este comentário e acolher o que a Mãe tinha a te dizer hoje.


Añañuca amarela - flor do deserto, por Leon Calquin

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