domingo, 2 de janeiro de 2011
Madres do Deserto – Maria Egípicia – Parte V
Voltemos com Zózimo para o outro lado do Jordão...
Durante todo o ano ele manteve silêncio, não ousando contar a ninguém o que tinha visto. Mas rezava a Deus para conceder-lhe outra chance de ver o querido e ascético rosto. E quando finalmente chegou o primeiro domingo do Grande Jejum, todos partiram para o deserto com as orações costumeiras e os cantos dos salmos. Apenas Zózimo ficou retido, doente - estava em febre. E ele se lembrou do que a santa lhe dissera: "e mesmo se desejares partir, não conseguirás."
Muitos dias se passaram e finalmente, recuperando-se de sua doença ele permaneceu no mosteiro. E quando aconteceu que os monges retornaram e o dia da Última Ceia despontou, ele fez como fora ordenado. E colocando um pouco do puríssimo Corpo e Sangue dentro de um pequeno cálice e colocando alguns figos, tâmaras e lentilhas mergulhadas em água dentro de um cestinho, partiu para o deserto e alcançou as margens do Jordão e se sentou esperando pela santa. Ele aguardou um bom tempo e depois começou a duvidar. Então, levantando os olhos para o céu começou a rezar:
"Concede-me ó Senhor, ver aquela que me concedeste uma vez contemplar. Não me deixes partir em vão por causa do peso de meus pecados."
E então, outro pensamento lhe ocorreu:
"E se ela vier? Não há nenhum barco; como ela irá atravessar o Jordão para vir a mim, que sou tão indigno?"
Ainda assim pensava, quando viu a santa mulher aparecer e parar do outro lado do rio. Zózimo se levantou, alegrando-se, dando glória e agradecendo a Deus. E novamente veio a ele o pensamento de que ela não poderia atravessar o Jordão. Então ele viu-a fazer o sinal da Cruz sobre as águas do rio Jordão (e a noite era de lua, como ele relatou mais tarde) e então ela pisou nas águas e começou a caminhar sobre a superfície, em direção a ele. E quando ele desejou se prostrar ela gritou para ele, ainda caminhando sobre a água:
"O que estás fazendo, Pai, tu és um sacerdote e estás levando os divinos Dons!"
Ele obedeceu-lhe e ao chegar à praia ela disse ao ancião:
"Pai, abençoa-me, abençoa-me!"
Ele respondeu tremendo, pois um estado de confusão tomara conta dele ao presenciar o milagre:
"Verdadeiramente Deus não mentiu ao prometer que quando estivéssemos puros seríamos como Ele. Glória a Vós, Cristo nosso Deus, que me mostraste através dessa vossa serva, quão distante eu estou da perfeição."
Aqui a mulher pediu-lhe para rezar o Credo e o Pai Nosso. Ele iniciou, ela terminou a oração e de acordo com o costume daquela época, deu-lhe o beijo da paz. Tendo participado dos Santos Mistérios, ela elevou suas mãos para o céu e suspirou com lágrimas em seus olhos, exclamando:
"Agora, deixai vossa serva ir em paz, Ó Senhor, de acordo com Vossa palavra, pois meus olhos viram a Vossa salvação."
Depois ela disse ao ancião:
"Perdoa-me, Pai, por pedir-lhe, mas conceda-me outro favor. Vá agora para o mosteiro e que a graça de Deus te guarde. E no próximo ano, venha novamente ao mesmo lugar onde primeiro encontrei-te. Venha, por amor de Deus, pois tu me verás novamente, pois tal é a vontade de Deus."
Ele disse a ela:
"A partir desse dia eu gostaria de seguir-te e sempre ver teu rosto santo. Mas por ora realize o único desejo desse velho homem e tome um pouco do alimento que eu te trouxe."
E ele mostrou-lhe a cesta, sendo que ela apenas tocou com a ponta dos dedos as lentilhas e pegando alguns grãos disse que o Espírito Santo guarda a substância da alma impoluta. Então acrescentou:
"Reza, pelo amor de Deus, por mim e lembre-se de uma miserável pecadora."
Tocando os pés da santa e pedindo suas orações pela Igreja, pelo reino e por si próprio, ele deixou-a partir com lágrimas, enquanto ele se ia suspirando e muito sentido, pois ele não podia esperar vencer o invencível. Enquanto isso ela novamente fez o sinal da Cruz sobre o Jordão, pisou nas águas e atravessou-o como antes. E o ancião voltou, cheio de alegria e terror, acusando-se a si mesmo de não ter perguntado à santa o seu nome. Mas decidiu fazê-lo no próximo ano.
Na próxima semana terminaremos a história de Maria Egípicia...
Fiquem na Paz!
Me. Rosa Maria de Lima, F.M.D.J
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