No momento em que o povo está envolto nas festas de fim de ano, buscando a santa ternura do Natal, alimentando novas esperanças para o Ano Novo, aparecem certas notícias no Brasil que são de tirar o fôlego e ameaçarem desânimo, não fosse a força da fé que nos sustenta. No ano de 2009, justamente no dia 23 de dezembro, quando a população estava já nas comemorações natalinas, foi assinado pelo Presidente da República (sem ler, como ele afirmou) o PNDH3 (Plano Nacional de Direitos Humanos 3) que, na verdade, constituía uma verdadeira agressão aos Direitos Humanos, uma vez que mesclava direitos legítimos com falsos direitos, entre os quais o mais grave era o pseudo direito de abortamento, desconhecendo e desconsiderando o direito das crianças de nascerem, de viverem livremente e de serem protegidas pelos adultos e pelo Governo, como prevê a Constituição Federal. Para ganhar as eleições, o partido do Governo, de convicções abortistas, chegou a anunciar algumas modificações, sobre as quais, após os pleitos, pararam de falar.
No corrente ano, há poucos dias, uma palestra de Sérgio Cabral, Governador do Rio de Janeiro, revelou sua perigosa posição sobre a questão, quando fez a infeliz pergunta: “Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar? É de causar espanto que um Governador de um dos principais Estados do Brasil tenha a coragem de fazer este tipo de interrogação, sem se dar conta do mal que ela pode causar. Quantas “namoradinhas” se sentirão agora encorajadas a abortar, quantos adolescentes se animarão a praticar irresponsavelmente o sexo, encorajados pela palavra de uma autoridade constituída, e pensarão em abortar pura e simplesmente se isto, após o ato impensado, for a solução imaginada. A “namoradinha” do Sr. Cabral é apenas fonte de prazer, receptora de um homem. Este, havendo aborto, estará livre de responsabilidades, mas a “namoradinha” terá que se arranjar com traumas de mãe que acabou assassinando seu filhinho, situação esta que perturba a mente de qualquer mulher em sã consciência, portadora de ao menos um pouquinho de ética e respeito pela vida. Some-se a isto as afirmações do mesmo Cabral sobre jogatina que ele aprova. O machismo de Cabral, a irresponsabilidade de seus termos, às vésperas do Natal constituem uma blasfêmia ao Menino nascido em Belém, uma ofensa a Maria, que nunca pensaria em abortar, mesmo se a situação fosse mais difícil ainda do que foi para ela, após dizer seu SIM ao Arcanjo Gabriel.
Somando-se a estes problemas, considere-se a questão do escandaloso aumento salarial dos parlamentares, praticado nesta semana, com a assustadora ampliação de seus vencimentos, em muitos casos triplicados, em relação ao que recebem até o presente momento. Devido ao efeito cascata, os tais aumentos chegarão, em alguns casos a mais 140%. O palhaço Tiririca comemorou: cheguei na hora certa.
Infelizmente, temos que constatar: é vergonhoso viver num país assim, onde as decisões políticas desta natureza passam ilesas, praticamente sem protestos, e onde se prefere matar criança inocente no seio materno, que procurar vias humanas e éticas para defender o direito à vida, o direito dos diretos, pois, se não nascemos, não temos nem como lutar por um mundo melhor, mais humano, mais temente a Deus.
Como celebrar o Natal assim? Como dizer a alguém “Feliz Natal”? Como defender a vida se há autoridades constituídas propugnado a cultura da morte?
Assim mesmo, desejo-lhe um Bom Natal e Feliz Ano Novo!
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora
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