domingo, 12 de dezembro de 2010

Mensagem de Natal

Em nenhuma civilização deu-se um esforço tão espetacular de demarcação tão precisa do tempo quanto na nossa, cristã em suas raízes. A razão principal deste fato é a motivação de separar de maneira maximamente demarcada o “antes” e o “depois” da condição humana; antes, era forte a aspiração pela efetiva relação com o Criador; depois, um acontecimento realizou esta mais elevada aspiração humana, quando Deus se fez Homem, segundo a fé que deu origem à nossa civilização – a fé católica. Fé esta que, ainda que negada, não nega seus efeitos: ela nos faz crer e até saber que todo ser humano merece existência digna e assistida, pois o primeiro e principal dom de Deus dado ao homem é a própria vida. Mesmo civilizações que atingiram elevado nível de desenvolvimento intelectual ou religioso, como a grega e a hindu por exemplo, não atingiram tão elevada disposição de espírito a ponto de considerar que, independentemente de raça, origem, crença, etc., os homens são homens e por isso possuem valor em si mesmos. Entre os Hindus, há os “intocáveis”; entre os gregos, cidadãos eram os gregos menos todos os estrangeiros, escravos, mulheres e crianças. Nem Aristóteles, a quem geralmente associamos uma das maiores luzes do pensamento grego, juntamente com Platão e Sócrates, o primeiro filósofo, escapou da noção de cidadania grega: na hora de escolher seu sucessor à chefia de sua Academia, o grego Platão preteriu o macedônio Aristóteles em favor de seu grego sobrinho.

Consolidou-se num dia 25 de dezembro este portentoso acontecimento, cujo valor não é o de algo passado que começou e terminou, mas como algo que, tendo iniciado há mais de dois mil anos, nunca mais deixou de ser condição presente e atual. É esta data que ficou reservada à intenção individual e social de agir como aqueles que acolhem no coração a Criança que sequer teve quem a recebesse para que nascesse em condições de conforto mínimas. Nasceu num inverno, assistida apenas por sua amorosíssima mãe e seu zelosíssimo pai. Mas isto não se deu por acaso. Nascendo assim, em condições tão precárias, sem assistência física outra que a de seus pais, eliminou a possibilidade de que alguém, acolhendo-a, se enchesse de vaidade e se considerasse superior aos demais e em resultado, viesse a julgar-se credor deste ou daquele direito divino. Além disso, a inexistência de lugar que recebesse esta Criança ilustra muito bem a rejeição, por parte de muitos, da fé que ela, ao tornar-se adulta, ensinou: a fé católica. No portentoso acontecimento deste nascimento, ficamos todos irmanados nos defeitos e fraquezas comuns da condição humana (preguiça, coração insensível, falta de tempo, etc.). Talvez para que isso gerasse em nós um forte desejo de compensar tais fraquezas levando-nos a darmos o melhor de nós em vista do bem do outro, vendo em cada outro um pouco daquela Criança, usando a favor do próximo de nossas artes e ciências. Assim, mesmo que não resolvam nossos problemas particulares, dão-nos a possibilidade de resolvermos os daqueles que nos procurem.
Todos nós, profissionais de algum trabalho, sabemos que na maior parte do tempo cuidamos de problemas que não são os nossos. Um mecânico cuida de carros que ele não possui e provavelmente nunca possuirá, portanto de problemas que nunca terá; um médico, trata de doenças que não tem e provavelmente nunca terá; e assim com cada um de nós..

Desejo que se mantenha firme no mais profundo de nossas almas o propósito de, através de nosso trabalho, profissional ou não, acolhermos a quem a nós recorra, com o amor e zelo que Nosso Senhor e sua Virgem e Santa Mãe exemplificaram, de modo que consigamos atualizar em nossas vidas e auxiliar terceiros a atualizarem a suportarem as dificuldades da vida sem perder a caridade. Que não somente neste Natal e Ano Novo que se aproximam, mas no prosseguimento natural de nossas vidas, saibamos acolher aquela Criança que, há dois mil anos, não teve onde nascer senão numa manjedoura (local onde os animais comem). Como fazer isso? Nos colocando à disposição da vida e contrários ao que a afronta, como é o caso do aborto, do casamento gay e demais coisas que vão na direção contrária à que a Sagrada Família exemplificou.

É o que desejo a todos. E para compartilhar este desejo, convido-o a escutar música de natal que compus, arranjei e gravei. Para tanto, é só ir ao endereço http://www.myspace.com/joelvocare

Joel Nunes dos Santos

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