Caros jovens e amigos:
“Que a Paz de Cristo e a Ternura de Maria estejam convosco e com os seus!”
Damos a conhecer a nossos leitores uma lúcida carta de Marcello Pera ao diretor do jornal Corriere della Sera publicada em 17.03.2010. Pera é senador da República Italiana e professor de filosofia, não é católico.
Escreveu diversos livros sobre a identidade cristã da Europa, entre os quais destacam: “Senza radici”, (Pêra, Marcello y Ratzinger, Joseph, Ed. Mondadori, Milano 2004) y ‘Perché dobbiamo dirci cristiani’ (Ed. Mondadori, Milano 2008), com prefacio do Papa Bento XVI
Estimado diretor:
A questão dos sacerdotes pedófilos ou homossexuais desencadeada ultimamente na Alemanha tem como objetivo o Papa. Porém, se cometeria um grave erro se pensasse que o golpe não irá mais alem, dada a enormidade imprudência desta iniciativa. E se cometeria um erro ainda maior si se sustentasse que a questão finalmente se encerraria logo, como tantas outras similares. Não é assim. Está em curso uma guerra. Não precisamente quanto à pessoa do Papa já que, neste terreno, é impossível. Bento XVI converteu-se em invulnerável por sua imagem, sua serenidade, sua clareza, firmeza e doutrina. Basta seu sorriso manso para desbaratar um exército de adversários.
Não, a guerra é entre o laicismo e o cristianismo. Os laicistas bem sabem que, se o lodo chegasse a manchar a batina branca, sujaria a Igreja, e se suja a Igreja sujaria também a religião cristã. Por isto, os laicistas acompanham sua campanha com perguntas do tipo “quem mais levará seus filhos à Igreja?”, ou ainda também “quem fará curar suas crianças em um hospital ou uma clínica católica”?
Faz poucos dias uma laicista deixou escapar a intenção. Escreveu: “A entidade da difusão do abuso sexual de crianças da parte de sacerdotes mina a legitimidade da Igreja católica como garantia da educação dos menores”.
Não importa que esta sentença careça de provas, porque se esconde cuidadosamente “a entidade da difusão”: um por cento de sacerdotes católicos? Dez por cento? Todos? Não importa nem sequer que a sentença careça de lógica: bastaria substituir “sacerdote” por “professores”, ou por “políticos”, ou por “jornalistas” para “minar a legitimidade” da escola pública, do parlamento ou da imprensa. O que importa é a insinuação, inclusive a custo do grosseiro argumento: os sacerdotes são pedófilos, portanto a Igreja não tem nenhuma autoridade moral, por onde a educação católica é perigosa, logo o cristianismo é um engano e um perigo.
Esta guerra do laicismo contra o cristianismo é uma batalha campal. Se deve trazer a memória o nazismo e o comunismo para encontrar uma similar. Mudam os meios, porém o fim é o mesmo: hoje como ontem, o que é necessário é a destruição da religião. Então a Europa, pagou a esta fúria destruidora, o preço da própria liberdade. È incrível que, sobretudo a Alemanha, enquanto se golpeia continuamente o peito pela recordação daquele preço que ela infligiu a toda a Europa, hoje, que voltou a ser democrática, esqueça e não compreenda que a mesma democracia se perderia si se aniquilasse o cristianismo.
A destruição da religião comportou, nesse momento, a destruição da razão. Hoje não comportará o triunfo da razão laicista, senão outra barbárie. No plano ético, é a barbárie de quem assassina a um feto porque sua vida danaria a «saúde psíquica» da mãe. De quem diz que um embrião é um «coágulo de células» bom para experimentos. De quem assassina a um ancião porque não tem mais uma família que o cuide.
De quem acelera o final de um filho porque já não está consciente e é incurável. De quem pensa que «progenitor A» e «progenitor B» é o mesmo que «pai» e «mãe». De quem sustenta que a fé é como o cóccix, um órgão que já não participa na evolução porque o homem não tem mais necessidade de cauda e se mantém erguido por si mesmo.
Ou também, para considerar o lado político da guerra dos laicistas ao cristianismo, a barbárie será a destruição da Europa. Porque, abatido o cristianismo, fica o multiculturalismo, que sustenta que cada grupo tem o direito à própria cultura. O relativismo, que pensa que cada cultura é tão boa como qualquer outra. O pacifismo que nega que existe o mal.
Esta guerra ao cristianismo não seria tão perigosa se os cristãos a percebessem. Em troca, muitos deles participam dessa incompreensão. São aqueles teólogos frustrados pela supremacia intelectual de Bento XVI. Aqueles bispos equivocados que sustentam que entrar em compromissos com a modernidade é o melhor modo de atualizar a mensagem cristã.
Aqueles cardeais em crise de fé que começam a insinuar que o celibato dos sacerdotes não é um dogma e que talvez fosse melhor voltar a pensá-lo. Aqueles intelectuais católicos apequenados que pensam que existe uma «questão feminina» dentro da Igreja e um problema não resolvido entre cristianismo e sexualidade. Aquelas conferências episcopais que equivocam na ordem do dia e, enquanto auspiciam a política das fronteiras abertas a todos, não têm a coragem de denunciar as agressões que os cristãos sofrem e as humilhações que são obrigados a padecer por ser todos, indiscriminadamente, levados ao banco dos acusados. Ou também aqueles embaixadores vindos do Leste, que exibem um ministro das relações exteriores homossexuais enquanto atacam ao Papa sobre cada argumento ético, ou aqueles nascidos no Oeste, que pensam que o Ocidente deve ser «laico», isto é, anticristão.
A guerra dos laicistas continuará, entre outros motivos, porque um Papa como Bento XVI, que sorri, mas não retrocede um milímetro, alimenta-a. Mas se compreende por que não muda, então se assume a situação e não se espera o próximo golpe. Quem se limita somente a solidarizar-se com ele é um que entrou no horto das oliveiras de noite e a escondidas, ou quiçá é um que não entendeu para que esteja ali.
“Que o Senhor que é rico em Misericórdia vos abençoe: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!”
Permaneçamos Unidos em Oração com Maria!
Vos quero bem!Pe. Mateus Maria, FMDJ
Panie Jezu Ufam Tobie!
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